tag:blogger.com,1999:blog-63158132024-03-13T03:26:24.401+00:00ORANGINALIDADEuma palavra vale mais que mil imagens.JPhttp://www.blogger.com/profile/13552051346177452664noreply@blogger.comBlogger601125tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-50065858171940262972021-02-11T22:10:00.003+00:002021-02-11T22:14:26.996+00:00pedrasacho muito simpático da parte do fernando guardar todas as pedras do caminho para um dia construir um castelo, mas aqueles de nós que as têm nos rins apreciavam outro tipo de eficácia diferente de apenas contemplá-las durante o passeio diário para abater barriga. com tanto heterónimo ao barulho, pasmo-me que o fernando, pessoa de bem, não tenha dado vida a um ente que se tornasse urologista e João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-42421568910078065162021-02-01T19:07:00.005+00:002021-02-01T19:07:46.140+00:00os outrossempre achei que os outros estavam em maus lençóis. são anos e anos a ler e ouvir que só acontece aos outros, que os outros fazem isto e aquilo, que os outros não são como os não-outros. os outros nunca têm descanso, são imparáveis na energia que colocam nesse mundo bizarro, espelho daquele em que vivemos, e em que tudo sai de pernas para o ar. o que é fácil esquecer é que nós somos os outros dosJoão Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-37586312764844483582020-08-08T22:02:00.002+01:002020-08-08T22:05:36.644+01:00o mundo pós-covidquerem saber como é o mundo seguro e bonito quando o covid não for mais do que uma triste memória? perguntem aos queixos deste mundo.nada está tão bem protegido, tão assegurado, como os queixos, que, dê por onde der o ajuste da máscara, estão sempre bem cobertos. bem sei que os cientistas vos avisam de que o coronavírus se diverte a entrar no corpo humano pelas mucosas da boca, do nariz e João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-43819834154446032372020-08-04T01:42:00.001+01:002020-08-04T01:42:09.398+01:00depoisdepois. há sempre um depois. temos de ir aqui, temos de jantar, temos de fazer isto, aquilo e mais não sei o quê. o presente tem sempre o condão de soprar uma quantidade de tempo infinito, que permite tudo planear, sem data, sem certezas, porque a esperança média de vida vai decerto aumentar para oitocentos e trinta anos em breve, e depois de criopreservados seremos capazes de pôr João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-12085938037113162992020-07-30T23:12:00.002+01:002020-07-30T23:12:52.331+01:00nobel da tábua de engomarcheira-me que os inventores do prémio nobel tinham as prioridades erradas. médicos, físicos, químicos, economistas, escritores, sim senhor, tudo muito importante e tudo grandes génios, mas peçam a cada um dos vencedores para passar uma camisa a ferro e eu logo vos digo quem é o génio na sala.não há volta a dar, ao oitavo vídeo no youtube a tarefa parece simples. qual astronauta pronto a João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-86483654165753983472020-07-26T20:30:00.000+01:002020-07-26T20:30:03.412+01:00a liberdade individualas liberdades individuais são uma coisa engraçada de debater, desde que ninguém viole as minhas, sendo que eu sou ao mesmo tempo quem as define e quem julga se estão a ser violadas. como tal, tenho o perfeito equilíbrio de poder ser eu a definir o que são as minhas liberdades, como são para ser usufruídas e o que as fere num alto-e-pára-o-bailismo de escandalizar os santos. só que não. João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-29032681987695096992020-07-25T20:50:00.003+01:002020-07-25T20:50:51.446+01:00idade adultao sol começava a aparecer no horizonte, tímido, pintando o céu de tons rosa e laranja, enquanto tu descias pelo trilho, quase mais inclinado que a parte de cima do evereste. as tuas pernas reflectiam o mesmo tom laranja e a tua pele cheirava a mar. os cabelos, indecisos entre serem ondulados ou ouriços-do-mar, emanavam a alma das algas do dia anterior, e guardavam no seu interior os segredosJoão Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-29807132197315709272020-01-09T23:20:00.000+00:002020-01-09T23:20:16.066+00:00arrefecimento globalPrimeiro era o verbo, mas o verbo insistiu vezes demasiadas, martelando tanto o complemento directo, que o sujeito não se quis mais sujeitar ao que quer que fosse. As veias secaram, sobretudo as pequenas, mas depois as médias e, por fim, as grandes, e todo o coração ficou chupado, parecia uma espécie de figo deixado ao sol durante oitenta e três anos e meio.
As raízes ainda se João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-78858155861477077772019-01-21T23:19:00.003+00:002019-01-21T23:19:49.015+00:00vocês sabem lápena que o netflix tenha uma escolha tão vasta mas não haja por lá um filme, série ou documentário que nos encaminhe para a essência da vida.
sim, há quem possa argumentar que está por lá a marie kondo a ensinar a arrumar gavetas como deve ser e mais uma série de gatos pingados a ensinar a descobrir uma casa ou um destino de férias de sonho, tudo por uma bagatela, basta oferecer de volta João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-22466861094447304122018-12-31T04:18:00.002+00:002018-12-31T04:19:35.284+00:00papel, pedra e tesourahá meses que ando a tentar jogar ao papel, pedra e tesoura no central park e o meu sucesso tem sido perto de zero.
só tenho sido feliz na parte da pedra, já as encontrei de variados tamanhos e feitios, guardei-as todas para um dia fazer um castelo e destruí um dedo mindinho entre dois seixos mais atrevidos, mas valeu a pena.
o papel tem muito que se lhe diga. acho que de início João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-79727990632011087422018-05-29T05:35:00.001+01:002018-05-29T05:36:34.305+01:00parece que foi ontemparece que foi ontem, que os dedos abriam as páginas do atlas ao acaso e decidiam os adversários do próximo jogo, sim, desta vez pode ser um escaldante bahamas contra gronelândia, ficando tudo a jeito para essas partidas em que um só jogador fazia de vinte e dois e criava a complexa dinâmica de rematar à baliza e defender o remate ao mesmo tempo.
parece que foi ontem, que adormecer era JPhttp://www.blogger.com/profile/13552051346177452664noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-63052734220826611382018-04-06T05:02:00.001+01:002018-04-06T05:02:18.038+01:00uma ou outra vez uma vez escrevi um livro. outra vez também. mas cansei-me das duas vezes ao fim de dez páginas e eles morreram tragicamente antes da idade.pensar dá muito trabalho e consome demasiada energia. fazer de deus, criar personagens do nada, espirrar mapas com linhas que não existem, adormecer a delinear horizontes e perder o autocarro por causa da árvore que tinha de ficar mesmo no meio do vale e se JPhttp://www.blogger.com/profile/13552051346177452664noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-90517813050595782102018-01-20T02:39:00.003+00:002018-01-20T02:39:57.400+00:00fora da bolha fechou a porta da bolha com uma mão, enquanto a outra mão apertava o nariz para tentar não desmaiar com o cheiro nauseabundo . as paredes da bolha tinham rachas de cima a baixo, o tecto da bolha, todo de vidro, parecia ser feito de chapa de zinco, tamanha a sujidade que o inundava .
fora da bolha tudo era melhor, sentia-se uma rainha . depois de passar pelo banho dado na lavagem automática, João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-22252479619275736732017-10-26T02:06:00.003+01:002017-10-26T02:07:09.473+01:00quando me falta o arsei que ainda não sabes, porque ainda não tens idade para saber, mas há mais de trinta anos que me questiono sobre o que é a felicidade e como encontrar o mapa para lá chegar .
procurei nos bancos de jardim, nos bancos da faculdade, desde casa até ao outro lado do mundo, de polo a polo, e nunca encontrei quem a conseguisse definir para mim nem quem soubesse que travessas tens de cruzar para dar João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-54641283448122428922017-07-07T16:30:00.000+01:002017-07-07T16:30:53.314+01:00O tempoO tempo que demora a escrever novos textos.
O tempo que demora a arranjar tempo para sequer poder parar e pensar sobre o tempo.
A roda que tritura, a dimensão imparável, que levou gregos, romanos, troianos, outros anos, todos a entrar em desespero, todos a escrever linhas sem fim, nunca muda, nunca pára, nunca dá tréguas.
Enquanto vejo as nuvens carregadas a passar rápido no céu, acima dos João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-80187253240893853742016-12-24T08:08:00.000+00:002016-12-24T08:09:28.386+00:00Is anyone there ?Um, dois, experiência. Um, dois, experiência.
Pensei que a pilha do blog estava esgotada, desculpem a intromissão. Faltou pouco para estar um ano inteiro sem transbordar letras do papel para o teclado e sei bem que vocês não conseguiriam viver com tamanha saudade de ler tudo aquilo que nunca quiseram ler ou saber, por isso resolvi fazer uma pausa no meu desocupado quotidiano para vir falar de João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-37481525861404309022016-01-09T16:32:00.000+00:002016-01-09T16:53:29.702+00:00Contagem decrescente10, 9, 8 e por aí fora, a contagem é conhecida e decrescente. Põe-se um traço artificial no calendário e faz de conta que passou mais um ano.
"Como é que ele passou a noite?"
"Menos mal, parece que não esteve muito agitado."
"E o senhor esteve sempre aqui?""Sim, estou a fazer turnos com o meu irmão, a minha mãe só pode vir durante o dia."
"Infelizmente não tenho notícias muito melhores paraJoão Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-10606556203833954582015-04-09T03:58:00.003+01:002015-04-09T03:58:36.879+01:00na moda
Está na moda escrever sobre o amor. O truque é pintar o dito de lugares comuns e adornar o produto final com duas ou três asneiras das pesadas para emanar pseudo-rebeldia. O conjunto de palavras é tão bonito e tem uma força tão positiva que o que está mesmo a pedir é para ser posto num rectângulo, acompanhado de uma imagem do pôr-do-sol/paisagem verdejante/gatinhos/silhueta de um ou dois corpos João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-26754490197735576102015-03-01T02:12:00.001+00:002015-03-01T02:18:01.082+00:00Reset
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Os números piscavam a vermelho no fundo escuro. O escuro era da noite por fora, por dentro a culpa não era da noite. Ou então era de noite também por dentro. Dentro da cabeça uma pulsação contínua, um incessante martelar, uma inequívoca prova de vida e um considerável incentivo à morte. O dia rodava dentro da caixa craniana a uma velocidade superior àquela com que camisolas, calças e João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-52855303849768830932015-02-06T20:31:00.000+00:002015-02-06T20:33:17.534+00:00Tropical
Era a primeira vez que punha os pés em St. Lucia. O nome trazia-lhe algo da infância. Ainda se lembrava bem de quando tinha tido aulas de órgão (e de quantas piadas infantis tinham sido feitas a esse respeito durante anos a fio) e uma das primeiras músicas que tinha aprendido a tocar era a St. Lucia. Lembrava-se também de como a semelhança entre as palavras órgão e oregão permitiram horas e João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-81833662529371939202015-01-22T13:24:00.000+00:002015-01-22T15:31:51.908+00:00O vestido
A noite era ainda uma criança, daquelas crianças que têm idade para ver bonecos animados na televisão e não têm idade para votar, quando toda a sala tinha ficado boquiaberta com o seu vestido. O vestido tinha sido passado de geração em geração, ninguém sabia muito bem a sua origem no tempo, no lugar ou na pessoa. Era um vestido pouco orientado, mas que desorientava. Tinha cheiro a Cleópatra e João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-897233296693751692014-12-23T17:14:00.000+00:002014-12-23T17:42:07.466+00:00Sliding Doors
Assim que abriu a porta sentiu o cheiro do perfume dela. As moléculas atravessavam todos os recantos da sala, saltavam do pescoço dela, atravessavam as partículas feitas do mesmo pó que as estrelas, para se irem alojar nos sensores olfactivos do seu nariz, refinados durante anos para saber distinguir o agradável do nauseabundo, bem como tudo o que está pelo caminho.
Os cabelos dela João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-18117213196918963942014-11-28T18:58:00.002+00:002014-11-28T19:03:16.593+00:00ódio à primeira vista
a história do amor à primeira vista dá imenso jeito a argumentistas, escritores ou outros criativos, mas em geral é quase tão verdadeira como a teoria de que tudo se consegue se se acreditar com muita força que lá se vai chegar.
a atracção à primeira vista sim. essa existe. e é capaz de ser das poucas forças que ultrapassam a da gravidade, mas não me vou alongar sobre o assunto ou ainda sou João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-31251096253381974652014-10-30T18:04:00.000+00:002014-10-30T18:04:11.584+00:00fénix
cleveland devia ser um case study por vários motivos. era uma cidade que concentrava grande parte da riqueza do midwest americano. "desconhecidos" como o j.d. rockfeller eram daqui e começaram a construir os seus impérios a partir daqui. a cidade foi quase ferida de morte com o encerramento de grande parte da indústria e viu os postos de trabalho fugirem para outros lados. mas nunca morreu João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6315813.post-61288427086079446112014-10-20T20:28:00.004+01:002014-10-20T20:28:56.442+01:00sobre os lugares
perguntou-me sobre o taj mahal e eu falei da história de amor por trás da sua construção. perguntou-me se era imponente visto de longe. eu respondi que sim e falei dos guias turísticos de ocasião, que ganham a vida todos os dias esperando do lado de fora do complexo por turistas, em busca de um valor fixo para trocar por histórias e por uma capacidade pouco mais do que tosca para tirar João Pedro Lopeshttp://www.blogger.com/profile/12061627702669268680noreply@blogger.com2