acendeste o cigarro e por trás de ti tocavam os stones, a dizer que mem sempre consegues tudo aquilo que queres. mal sabiam eles, pensei eu, que nunca se perderam nos teus cabelos, que nunca moraram nos teus olhos e que nunca navegaram no teu pescoço. comparei a tua luz com a que vinha do tecto. comparei o calor do teu peito com o calor da ponta do cigarro. ficavas sempre a ganhar. eras rainha de copas num baralho só de dois de paus e eu rendia-me à minha simplicidade de ser sempre joker neste mundo pouco preparado para trazer os jokers a jogo. quando sorrias, o espaço à volta parecia ter sido vítima de uma bomba de neutrões, e sabes como eu sempre me perdi irremediavelmente por sorrisos devastadores. sorrisos daqueles que te fazem viajar em segundos da porta de casa à porta do comboio de um país distante. que trazem canela, açafrão, gengibre, não em pó, mas sim disfarçados nas pequenas covas que o canto dos teus lábios definia. contemplava-te como um quadro, pintava-te como se...