Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2011

morte à simetria. lenta, por favor.

escrevo com a pena que se transformou em caneta que se transformou em dedos que carregam em teclas. escrevo com a sensação de quem flutua por cima de um mundo maior, feito de beleza e de desequilíbrio. tomara o dia em que se assuma que a simetria é o expoente máximo do pior que o homem consegue criar. a natureza prova isso das melhores formas. não há simetria que quando mudada de escala não seja assimétrica. a definição nasce precisamente da assimetria. percebo a paixão por linhas direitas. é o mesmo conforto de achar que está alguém num pedestal num edifício de pedra, que olha por vocês, e que corrige os vossos erros, vos apara os erros e vos aplaude as virtudes. mas as linhas direitas são nauseantes. as linhas direitas estão sempre a pedir para levar com aquela borrachinha do paint brush, que eu uso mentalmente para apagar o que não gosto. para mim, tudo o que me apaixona é assimétrico. até o wassily, com a sua mestria, pegou em formas geométricas e baralhou-as como quem atira os ...

o que nos foge entre os dedos

fico perdido. parado nesta encruzilhada. por mais voltas que dê, venho com demasiada frequência parar a este cruzamento em que para um lado vejo a seta do futuro e para o outro a placa tosca do passado. em primeiro lugar, adorava saber que lugar (estava para usar um pleonasmo desde as quatro da tarde) é este onde me encontro. há quem lhe chame presente, mas eu sou levado a crer que presente é coisa que não existe. existe só como homónimo, sobretudo nesta altura do ano. porque, tirando isso, foge entre os dedos como outra coisa qualquer. o presente nunca o é. mas também não está bem definido que eu não possa voltar ao passado ou acelerar o meu caminho ao futuro. ninguém define essas regras. criam-se tantas comissões para tudo e mais alguma coisa, e o tempo continua a brincar ao deus dará (se calhar até só a brincar ao dará), sem que nenhuma entidade reguladora o obrigue a apresentar contas e a explicar porque faz o que faz e como faz. na volta acabaria como tudo o resto. corrupto e ve...