fico perdido. parado nesta encruzilhada. por mais voltas que dê, venho com demasiada frequência parar a este cruzamento em que para um lado vejo a seta do futuro e para o outro a placa tosca do passado. em primeiro lugar, adorava saber que lugar (estava para usar um pleonasmo desde as quatro da tarde) é este onde me encontro. há quem lhe chame presente, mas eu sou levado a crer que presente é coisa que não existe.
existe só como homónimo, sobretudo nesta altura do ano. porque, tirando isso, foge entre os dedos como outra coisa qualquer. o presente nunca o é. mas também não está bem definido que eu não possa voltar ao passado ou acelerar o meu caminho ao futuro. ninguém define essas regras. criam-se tantas comissões para tudo e mais alguma coisa, e o tempo continua a brincar ao deus dará (se calhar até só a brincar ao dará), sem que nenhuma entidade reguladora o obrigue a apresentar contas e a explicar porque faz o que faz e como faz.
na volta acabaria como tudo o resto. corrupto e vendido. e nesse dia eu nem perceberia bem que estava no cruzamento de sempre. a placa tosca teria sido trocada por um diamante qualquer e o caminho sinuoso adiante era agora uma alcatifa horrível, pejada de ácaros e que nem no barroco era bonita.
pensando bem, vou deixar o tempo continuar assim. a fluir por ele. a viajar sem regra. a esconder os buracos negros, os menos negros e até os que não têm cor. é verdade que me foge entre os dedos, mas antes isso que estar claustrofobicamente fechado dentro de uma ampulheta. por mais bonita que ela fosse...
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