o som das frestas meio abertas nunca me impressionou grande coisa. cheirava a pôr-do-sol e às ondas dos teus cabelos, enquanto as outras ondas saíam da rádio e o maurice chevalier cantava sobre rouxinóis e o amor. depois continuava num tom mais lento a falar sobre o mesmo tema. os rouxinóis esvoaçavam pela luz ténue e ríamos de alegria ao lembrar o dia em que a televisão voou janela fora e o tempo entrou feito tornado janela dentro. baptizámos o barco com a garrafa de veuve, sem acelerar o passo, a ver as nuvens esperar pacientemente. lembras-te como as nuvens se vão juntando a pouco e pouco, fingindo que são formigas num carreiro, meio confusas sobre a altura certa para atirar baldes de água cá para baixo? já longe da costa, perto do nada, mas como quem vai a sair para o tudo, ficámos a ver chover e atirámos os remos na direcção da água. decidimos que o acaso ia decidir onde o barco ia parar, adorávamos fazer de conta que éramos uma gigante mensagem-numa-garrafa. que fazia se...
uma palavra vale mais que mil imagens.