seguiu pela avenida, mastigado pela multidão, avançando num passo certo e rítmico na direcção do seu trabalho. o ano era várias centenas de anos à frente do ano que se pensa que era. havia algo que hoje o inquietava. tinha lido na noite anterior um livro electrónico em que os autores falavam de grupos de pessoas, no passado, que se juntavam à noite, num lugar com pouca luz, para olhar para o céu e ver as estrelas e um ou outro planeta. segundo o relato eles olhavam directamente para o céu e isso deixou-o estupefacto. ninguém sabia dizer quando, mas a coluna cervical dos seres humanos tinha evoluído já há muitos anos para uma posição que apenas lhes permitia olhar na direcção do chão e ligeiramente em frente. se se tentassem deitar de costas, ou olhar para cima, perdiam automaticamente os sentidos, por compressão da espinal medula. o pescoço tinha evoluído neste sentido após anos e anos de indivíduos que passavam dezasseis a vinte horas do seu dia a olhar em frente, ou para baixo, ...
uma palavra vale mais que mil imagens.