A noite era ainda uma criança, daquelas crianças que têm idade para ver bonecos animados na televisão e não têm idade para votar, quando toda a sala tinha ficado boquiaberta com o seu vestido. O vestido tinha sido passado de geração em geração, ninguém sabia muito bem a sua origem no tempo, no lugar ou na pessoa. Era um vestido pouco orientado, mas que desorientava. Tinha cheiro a Cleópatra e reflexos de Helena de Tróia. Contava a lenda que a primeira pessoa a usar o vestido tinha sido a Rainha do Reino de Muito-além-mais-além-do-que-a-vista-alcança, no dia do anúncio do noivado do seu filho, o Príncipe Eduardo, que tinha o cognome de "O Conquistador", não pelas suas proezas militares, mas sim pela sua vida de boémio. Voltando a um passado menos pretérito e mais presente, a entrada dela na sala soltou as mais variadas exclamações. Encarnado e dourado dançavam no seu corpo como dois dançarinos exímios de tango dançavam numa sala escondida de um qualquer bairro de Buenos A...
uma palavra vale mais que mil imagens.