Avançar para o conteúdo principal

São Valentim, São Valentim, arranjarás tu um lugar para mim?



Não. Para os que pensam que este é mais um post de alguém encalhado irritado com esta data, estão redondamente enganados. Eu estou muito bem entregue e acompanhado, mas este dia tem os seus pormenores bem irritantezinhos.

Para começar: a programação da televisão. Porque é que o programa do Goucha é dedicado ao Dia dos Namorados? Quando aquilo só tem idosos na plateia e em casa a ver? Irá aquela gente ligar tanto a este dia? Irão os velhotes presentear o seu companheiro de sueca com um coraçãozinho anti-stress? Não me parece...

As prendas estúpidas: inventam de tudo para dar neste dia. O engrançado é que tudo serve como prenda de Dia dos Namorados. Pode ser o último livro do Tiago Rebelo como pode ser o Guerra e Paz do Tolstoi. Podem ser os vídeos das viagens do Michael Palin como o DVD do Sin City... Haja critério, meus amigos. O Natal é a 25 de Dezembro, não é preciso inventar um "Natal II - O Regresso", dois meses depois.

O jantar
: claro, o jantar... não podia faltar mais um ritual. Que começa qualquer dia uns meses antes, dada a dificuldade em reservar uma mesa, seja em que restaurante for, independentemente do preço. Em cima do mais, a UEFA tem o desplante de pôr o raio do jogo do Benfica neste dia, e alguns restaurantes a pouca sensibilidade (ou então a real sensibilidade... eheheh) de não ter televisão nas suas salas. Assim sendo..."Beijinhos, beijinhos, gosto muito de ti!... O golo foi de quem? Do Miccoli? Ah ganda Fabrizio..."

Comentários

Mensagens populares deste blogue

À terceira é de vez!!!

Como tenho muita lata... este post é na linha de dois recentes... (um deles mesmo recentíssimo, o meu último) e trata da adaptação, não de séries (porque somos muito oranginais por estas bandas e isso depois na verdade tornar-se-ia repetitivo... quer dizer... até parece que assim não...), mas sim de filmes estrangeiros, para português. São novidades muito secretas e portanto só espero que tenham bastante cuidado na divulgação das mesmas (ao dizer isto espero que as publicitem, bem como a vinda aqui ao meu "little corner", numa jogada minha à laia d'"o fruto proibido é o mais desejado"). - Tó Pegane : história de um filho de uma ex-emigrante "na França" (daí a sempre típica mescla do nome António com o Pegane do francês com quem a senhora se casou). O rapaz entra para a Força Aérea, e depois há para lá umas intrigas. Ah! Na cena mais espectacular do filme, Tó Pegan faz um cozido à portuguesa, utilizando para aquecimento dos ingredientes a barriga...

na moda

Está na moda escrever sobre o amor. O truque é pintar o dito de lugares comuns e adornar o produto final com duas ou três asneiras das pesadas para emanar pseudo-rebeldia. O conjunto de palavras é tão bonito e tem uma força tão positiva que o que está mesmo a pedir é para ser posto num rectângulo, acompanhado de uma imagem do pôr-do-sol/paisagem verdejante/gatinhos/silhueta de um ou dois corpos (riscar o que não interessa) e feito, está pronto a sair do forno para esse sufrágio universal que são as redes sociais. Está na moda gostar dessa visão do amor. Que tenta copiar alguns traços dos mestres mas que os copia mal e porcamente, borra a tinta toda, mas encontra destinatários com a visão tão baça que nem dão por isso. Dantes havia o condão de ficar preso às letras do Shakespeare, do James, do Cummings e de tantos outros. Todos eles vieram por aí fora, ainda há bem pouco tempo dava para jogar à macaca com o Cortázar, mas está tudo a trocar a macaca por meia dúzia de macacos, que ap...

Sliding Doors

Assim que abriu a porta sentiu o cheiro do perfume dela. As moléculas atravessavam todos os recantos da sala, saltavam do pescoço dela, atravessavam as partículas feitas do mesmo pó que as estrelas, para se irem alojar nos sensores olfactivos do seu nariz, refinados durante anos para saber distinguir o agradável do nauseabundo, bem como tudo o que está pelo caminho. Os cabelos dela brilhavam como se tivessem sido tocados pelo Rei Midas. Deslizavam pelas costas, lembrando-lhe a cor com que fica a encosta inclinada de uma montanha naquele lusco-fusco que se precipita ao pôr do sol. O nariz dela tinha as proporções perfeitas de uma rainha do século XVIII e era empinado o suficiente para lhe dar o ar de quem sabe por onde vai. Os seus olhos estavam, com certeza, nos lugares cimeiros da lista dos olhos mais bonitos do mundo. Tinham tanta vida, pensou ele, eram da cor que resultaria do acasalamento do azul turquesa com aquele verde dos lagos da Croácia. ...