Gosto de viajar. Pode ser a pé, de carro, de comboio. Para destinos mais longínquos o avião é "ferramenta" essencial. Após todo o processo de reserva, viajar de avião tem ainda vários aspectos incómodos associados: chegar ao aeroporto vinte horas antes de o avião descolar; fazer fila para o check-in, fila para a segurança, fila para o boarding, fila para sentar, fila para a casa de banho (chego mesmo a imaginar que em situação de emergência ainda teria de aguardar pacientemente pela minha altura de saltar para o insuflável que iria sair da asa do avião...).
E não acaba aqui: o strip forçado para a segurança; o "ah, realmente este corta-unhas consegue atravessar vários abdómens de uma vez só"; ao mesmo tempo uma família de romenos (podiam bem ser portugueses, só estou a falar de uma experiência vivida) passa alegremente pelos guardas com um pão de quilo e filetes de peru, guardados em sacos de plástico sem o mínimo piu das autoridades.
Mas nada me irrita tanto numa viagem de avião como a singularidade de aterrar no aeroporto de Lisboa. Não, já nem estou a falar do carácter sempre deprimente de se saber que as férias estão a acabar, mas sim de outro flagelo da sociedade!
Aterrar em Lisboa tem todas as condições para ser perfeito. A vista é magnífica, as ruas estendem-se perante os nossos olhos, as cores e os relevos da cidade ganham toda uma nova dimensão do ar, mas...
...quando as rodas de trás do avião se lembram de tocar a pista, lá começa o afamado flagelo e desata tudo a bater palmas! Mas o que é que se passa? Porque é que isto só acontece aqui? E não, não estamos a falar de uma aterragem no meio de um ciclone, ou num atol do Pacífico por falta de combustível... é uma aterragem normal!
Pergunto-me porque é que estas pessoas não batem palmas ao empregado do restaurante quando este traz os cafés? Ou ao funcionário da estação de serviço quando acaba de pôr a gasolina? Afinal, tal como os "pobres" dos pilotos, estão todos "só e apenas" a fazer o que é suposto ser feito na sua profissão.
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