Avançar para o conteúdo principal

Bip



Fiquei tão contente! Tinha os meus 15/16 anos, o telemóvel ainda era algo em fase experimental, e o que estava na moda eram os bips. Vi um concurso numa revista ao qual concorri prontamente: era para escrever uma frase sobre bips. Havia um como prémio. Como a pior das fashion-victims que sou, logo concorri, e passadas umas semanas recebo a agradável notícia de que era o vencedor do passatempo. A minha alegria foi temporária... Afinal o bip não servia para grande coisa. Permitiu-me estar no topo da moda, e receber regularmente linhas com notícias sobre o desporto ou o tempo, mas não me ajudou muito nem a ser melhor pessoa nem a coisa nenhuma. A moda do bip passou rápido, cilindrada pelo telemóvel (nos primeiros tempos quase literalmente, com o tamanho de tijolo que estes últimos tinham).

Nunca mais ouvi falar de bips.

Até agora. Voltei a ter um. E este não o pedi. Obrigam-me a usá-lo e é a minha companhia no hospital. Não me dá notícias, nem o tempo, nem o resultado do Benfica. Quando apita estridentemente às quatro da manhã e me acorda de rompante, lá vou eu de cabelo (o que me resta) despenteado e olhos sonolentos em riste para salvar uma vida. Na maior parte dos casos não há uma vida para salvar. É só alguém que de repente ficou com uma ligeiríssima dor de cabeça e o bip (faz de conta que é ele) lembrou-se de me chatear (não há aqui qualquer ressabiamento pela última noite, cof cof).

Os bips perseguem-me. Mas agora foram eles que me escolheram a mim. Será vingança?

Comentários

Mensagens populares deste blogue

À terceira é de vez!!!

Como tenho muita lata... este post é na linha de dois recentes... (um deles mesmo recentíssimo, o meu último) e trata da adaptação, não de séries (porque somos muito oranginais por estas bandas e isso depois na verdade tornar-se-ia repetitivo... quer dizer... até parece que assim não...), mas sim de filmes estrangeiros, para português. São novidades muito secretas e portanto só espero que tenham bastante cuidado na divulgação das mesmas (ao dizer isto espero que as publicitem, bem como a vinda aqui ao meu "little corner", numa jogada minha à laia d'"o fruto proibido é o mais desejado"). - Tó Pegane : história de um filho de uma ex-emigrante "na França" (daí a sempre típica mescla do nome António com o Pegane do francês com quem a senhora se casou). O rapaz entra para a Força Aérea, e depois há para lá umas intrigas. Ah! Na cena mais espectacular do filme, Tó Pegan faz um cozido à portuguesa, utilizando para aquecimento dos ingredientes a barriga

Reset

00:00 Os números piscavam a vermelho no fundo escuro. O escuro era da noite por fora, por dentro a culpa não era da noite. Ou então era de noite também por dentro. Dentro da cabeça uma pulsação contínua, um incessante martelar, uma inequívoca prova de vida e um considerável incentivo à morte. O dia rodava dentro da caixa craniana a uma velocidade superior àquela com que camisolas, calças e roupa interior dançam dentro da máquina de lavar roupa. As ideias misturavam-se de tal modo que apenas se conseguia lembrar da receita de um bolo. As preocupações de ontem a fazer de farinha, o que de novo aconteceu nesse dia mascarado de fermento, todos os planos para amanhã e depois com cara de ovos acabados de deslizar casca fora. E a vida, essa batedeira eléctrica de último modelo, a tratar de misturar tudo com a pressa de quem tem fome e gulodice. Sorriu no escuro e sentiu felicidade por sentir os músculos da face a relaxar. Uma das melhores coisas que o sorriso tem é a capacidade de pôr as

E se o X quer ser cá da malta...

Flagelo dos tempos modernos! Qualquer jantar de universitários ou pré-universitários ou pré-pré-univ... já perceberam a ideia, não é? A dado momento desata tudo, qual pintassilgo colectivo, a cantar: "E seeeee o X quer ser cá da maaaalta, tem de bebeeeer esseeee copoooo até ao fim, até ao fiiiiiiimmmm!" Meus amigos... o que é isto? Será que cada jantar desses é uma reunião de futuros "liverless" (os Sem-Fígado em português)? É que eu até adoro sangria, mas quando começo a ouvir tais cânticos... parece que tenho vontade de chorar... Quem quer ser cá da malta? Qual malta? A malta que, a meio do jantar, só sabe olhar seja para quem for e dizer: "Iccc... Eu... iccc... acho... iiicc... que tu, pá.... iccc... és mesmo porreiiii(c)ro....". E depois quem não bebe... fica com a vida arruinada. Sempre que for a passar na rua, vai apanhar do ar palavras como..."Lá vai aquele! Não sabes??? Ele não bebe..iihihihihihi!!!" Enfim, já era tempo de a