Porque motivo alguém escreve num blog?
Será para escrever piadas e esperar que alguém se ria? Será por acreditar que, partilhando com o mundo o que escreve, se sente maior? Será para sentir interiormente que as suas opiniões e pontos de vista são lidos por todos?
Provavelmente sim e não. Provavelmente a maior parte das pessoas que se dedica a escrever num blog tem a mesma intenção que tantos outros tiveram ao longo da história da Humanidade, ou seja, transformar em palavras algo que sente.
É por esse motivo que nem é assim tão importante ser lido. Se alguém ler o que escrevemos, obtemos reconhecimento (mais não seja pelo tempo dispendido a apreciar algo produzido por nós), mas o nosso objectivo final é sempre egoísta, é o de aliviar a pressão de pensar em algo e ter de o dizer. Acho, por isso, que a escrita é um escape, seja ela de que tipo for.
Eça com certeza teria vontade de criticar muito mais abertamente a sociedade numa conversa de café. E talvez até o tenha feito. Mas nunca conseguiria ser tão mordaz como escrevendo crónicas de costumes em que, com o disfarce de um romance, conseguiu tão bem atacar tudo e todos, ganhando reconhecimento, mas decerto ganhando também o alívio da sua pressão.
Pergunto-me muitas vezes porque nunca escrevi um livro. Sempre tive ideia de que o queria fazer. Várias vezes comecei a escrever romances. Mas o resultado final foi sempre o mesmo. A vontade é tanta de partilhar outras ideias, que se as tentasse enfiar todas numa história, saíria algo de semelhante a uma Nova Iorque da escrita, uma mistura que de tão complexa seria impossível de descodificar.
Por isso, vou continuando com as minhas crónicas. Pequenos Maias, pequenas Cidades, pequenas Serras, sempre tão longe do brilhantismo de quem escreveu essas histórias, mas perto do mesmo sentimento de que a escrita serve para libertar.
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