estive no outro dia à conversa com uma metade de limão e aprendi imenso sobre a vida.
estava sentado muito bem no jardim, perdido nas intermináveis cores do pôr-do-sol, quando vejo que, como quem não quer a coisa, meio limão se senta a dois metros de mim. estranho, o jardim estava vazio.
percebi logo que queria meter conversa. tinha aquele nervosismo típico de quem vira o olhar de repente para outro lado quando vocês olham naquela direcção, denotando a ausência de um plano de disfarce. sorri e acenei e vi logo que o meio limão interpretou o gesto como se eu fosse porteiro de discoteca e tivesse acabado de abençoar a sua ultrapassagem à longa fila de desesperados clientes.
titubeou na minha direcção, como se fosse meio ananás e não meio limão, que os limões rebolam, não têm dessas dificuldades técnicas.
"veja lá se não tenho aqui um caroço". fiquei estupefacto com o atrevimento do citrino mas lá abri uma excepção e fiz um biscate fora de horas. expliquei a naturalidade da coisa e comecei a descrever o ciclo reprodutivo do limão. ele pareceu extremamente interessado e ao fim de cinco de minutos interrompeu-me o discurso para perguntar quantas canas de açúcar seriam necessárias para fazer uma jangada e se passássemos a língua nessa jangada se seria doce. voltei a usar um tom professoral para lhe impingir a minha convicção de que os limões não têm sequer papilas gustativas e que no caso dele nem meias papilas eu avistava.
ficou fulo. espichou sumo por todos os lados e foi-se embora irritadíssimo. não irritem meios limões, são tipos estranhos.
estava sentado muito bem no jardim, perdido nas intermináveis cores do pôr-do-sol, quando vejo que, como quem não quer a coisa, meio limão se senta a dois metros de mim. estranho, o jardim estava vazio.
percebi logo que queria meter conversa. tinha aquele nervosismo típico de quem vira o olhar de repente para outro lado quando vocês olham naquela direcção, denotando a ausência de um plano de disfarce. sorri e acenei e vi logo que o meio limão interpretou o gesto como se eu fosse porteiro de discoteca e tivesse acabado de abençoar a sua ultrapassagem à longa fila de desesperados clientes.
titubeou na minha direcção, como se fosse meio ananás e não meio limão, que os limões rebolam, não têm dessas dificuldades técnicas.
"veja lá se não tenho aqui um caroço". fiquei estupefacto com o atrevimento do citrino mas lá abri uma excepção e fiz um biscate fora de horas. expliquei a naturalidade da coisa e comecei a descrever o ciclo reprodutivo do limão. ele pareceu extremamente interessado e ao fim de cinco de minutos interrompeu-me o discurso para perguntar quantas canas de açúcar seriam necessárias para fazer uma jangada e se passássemos a língua nessa jangada se seria doce. voltei a usar um tom professoral para lhe impingir a minha convicção de que os limões não têm sequer papilas gustativas e que no caso dele nem meias papilas eu avistava.
ficou fulo. espichou sumo por todos os lados e foi-se embora irritadíssimo. não irritem meios limões, são tipos estranhos.
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