o prédio era estranho. não há portas de prédios com motivos de ferro em cor-de-rosa e com um olho dentro de uma forma triangular. ainda assim entrou porta dentro com a decisão de quem sabe ao que vai.
ève charlier tentava demover pierre dumaine de abandonar o apartamento.
' você sabe que é muito muito perigoso. '
' perdoe-me ève, sabe bem que tenho de ir. são os meus amigos. eles vão ser massacrados, ève, sabe bem que não a amo menos por isso! '
ouvem-se passos pesados nas escadas e, após uma longa pausa, alguém bate à porta com insistência. pierre voa para junto do móvel onde guarda o revólver, que rapidamente tira e aponta à porta.
' quem é e ao que vem? '
' é do círculo de leitores! '
' círculo de leitores? o que é isso, homem? aposto que é um enviado do regente! '
' não, não, sou mesmo um enviado do círculo de leitores. faço toda esta zona de massamá. '
' massamá? mas você não sabe que está às portas de paris? '
' de paris? não pode ser... bom, adormeci no comboio, mas pensei que na pior das hipóteses acordava no cacém. '
' não entendo nada do que está para aí a dizer, mas vá-se embora imediatamente, não temos tempo para si! '
' então e os livros? '
' quais livros? '
' os que tenho aqui para lhe vender. tenho umas promoções mesmo boas, vai ver. '
' quero lá saber dos livros, homem! tenho uma revolução para fazer, desapareça! '
' mas olhe que a encadernação é de capa dura. '
perante o silêncio de dentro do apartamento acabou por decidir abandonar a cena com ar triste. após alguns minutos de reflexão uma certa indignação começou a subir-lhe pelas veias. não subiu logo tudo porque uma delas tinha um pequeno trombo, mas finalmente subiu o resto. ia ter de resolver esta situação na sede. quase apostava que o tinham mudado da zona de massamá para outras épocas históricas e ninguém o tinha sequer avisado.
' táxi! '
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