o sol entrava decidido pelas frestas das persianas, teimando em desenhar sombras chinesas, exércitos de luz, outrora de terracota, agora de claridade. enquanto os fotões traziam a imaginação à parede, a minha mente andava perdida por outros mundos, a anos-luz de distância. era como se fosse hoje. entrei pela porta verde, com as letras pintadas a branco, de fresco, fiquei até com um ou dois dedos sarapintados, e as teias de aranha faziam adivinhar que do lado de lá se encontrava um tesouro daqueles que demoram séculos a descobrir. o baú tinha um código, mas era fácil de descobrir, 083, era estranhamente evidente. enquanto rodei a combinação, senti um largo sorriso no escuro, atrás de mim. por segundos tive a certeza de ter por perto o gato da alice. só que este país tinha poucas maravilhas e a pressa era muita para chegar ao conteúdo do cofre. sacudido o pó, e ultrapassado o ataque de tosse da praxe, vi por fim a garrafa e o líquido túrbido no seu interior. tinha cor de ser vítima ...
uma palavra vale mais que mil imagens.