a facilidade com que os dedos se entrelaçam. a dificuldade com que os dedos se soltam. lembra-me o momento em que as forças centrífugas brincam com as centrípetas e rodam que nem crianças a brincar no jardim.
os dias passam, as páginas viram uma a seguir à outra, a tinta sangra da esquerda para a direita (noutros lados da direita para a esquerda), mergulha nas linhas, salta entre elas, rasura o fim e recria o princípio.
são lágrimas de preto misturadas com lágrimas de branco. fazem das linhas pautadas música e crescem como o 1812 do tchaikovsky. deixam o barco do pedro para trás, grande ou pequeno, atravessam a ponte. sentam-se nos degraus a olhar para o cristo salvador, sem perceber se a cúpula dourada os salva ou se salvam eles a cúpula. atiram-se ao rio. fogem para norte.
param.
olhos claros. parar. observar. lábios cheios. lua também. cabelos longos. sempre os cabelos longos montados em pescoços ainda mais longos e capazes de derrotar impérios. mais cúpulas. mais telhados. mais túneis. mais noites. sinto lá ao longe o napoleão a capitular. sem tirar a mão do casaco. guarda a carteira como quem guarda um império.
é assim que os impérios começam, crescem, caem e se levantam. até os faraós capitularam numa sexta à noite e renasceram uns dias depois, com menos papiro à volta do coração.
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