a história do amor à primeira vista dá imenso jeito a argumentistas, escritores ou outros criativos, mas em geral é quase tão verdadeira como a teoria de que tudo se consegue se se acreditar com muita força que lá se vai chegar.
a atracção à primeira vista sim. essa existe. e é capaz de ser das poucas forças que ultrapassam a da gravidade, mas não me vou alongar sobre o assunto ou ainda sou humilhado por gente que perceba verdadeiramente do segundo assunto.
mas o amor constrói-se. o amor compra-se e vende-se, não que estejam em causa trocas monetárias. embora às vezes, quantas vezes, ó se.
e não falo do amor só no seu conceito tradicional. falo também do amor pelas coisas. do amor pelas pessoas. da admiração. há o click inicial mas depois há horas e horas de enamoramento com a obra da admiração, com as palavras, com os frames, com os takes, com as pinceladas, com os olhos, com as pestanas, com os contornos da cintura. tudo demora, tudo é um processo, tudo cresce, exponencialmente, linearmente, abusando ou não de advérbios de modo, mas passo a passo.
já o ódio está para o amor como a queda livre lá do alto está para a subida da montanha. é súbito. é quase imperdoável. é tão mais voraz que o amor. é a peça de cristal que demorou semanas a ser moldada e é destruída com um súbito movimento que usa a força de apenas um ténue e frágil membro superior.
o universo provavelmente explica. pode ser que quando realmente conseguirmos olhar para dentro dos buracos negros, como quem espreita para dentro das janelas no reptilário do zôo, consigamos perceber um bocadinho melhor onde as nossas emoções são paralelas ao comportamento da própria matéria. porque acredito que no final isto está tudo relacionado. acredito mais nisso que no amor à primeira vista. e até um pouco mais do que no ódio à primeira vista.
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