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a liberdade individual

as liberdades individuais são uma coisa engraçada de debater, desde que ninguém viole as minhas, sendo que eu sou ao mesmo tempo quem as define e quem julga se estão a ser violadas. como tal, tenho o perfeito equilíbrio de poder ser eu a definir o que são as minhas liberdades, como são para ser usufruídas e o que as fere num alto-e-pára-o-bailismo de escandalizar os santos. 

só que não. porque felizmente vivemos em sociedade, e, como tal, as liberdades individuais são definidas, de um modo mais ou menos democrático, em sede própria, e de modo racional, uma vez que eu confio muito no manel do café para tirar uma italiana perfeita, mas não sei se ele achar que o fulano x, y, ou z, muito bem que é racista e xenófobo, "mas o que vale é que diz umas verdades", o qualifica com suficiente maturidade democrática para definir por si os portões do que cada indivíduo pode ou não fazer (ainda confio menos no fulano x, y, ou z, mas isso fica para outro dia, que a sopa está quase a precisar de ser passada).

assim, o manel, ou o seu correspondente pelo mundo fora (creio que é manolo em espanha, immanuel na alemanha e pinguim oitenta e três na antárctida), tem todo o direito de achar que é parvo ter de usar máscara quando e onde assim lho peçam para fazer, mas não tem o direito de não a usar, porque não é ele que define o que é ou não correcto, apesar dos seus extensos conhecimentos de saúde pública, os quais são transversais a noventa e nove vírgula nove por cento da população mundial, como se tem comprovado nos últimos tempos. 

recomendo portanto ao manel que siga as recomendações e que ignore achar que é parvo (há por aí tanta coisa parva, manel, e ainda assim temos de seguir em frente, homem), porque senão um dia destes não há mais clientes para beber italianas, nem manolos a lá parar para comer bolas de berlim, e aí é que fica o caldo entornado. a liberdade de cada um acaba onde começa a do outro, isto já é dito há tanto tempo, mas como não parece entrar no espaço entre os dois ossos parietais da maioria, talvez vá obrigar o fulano x, y, ou z a repetir isto para que se ache que é uma verdade. só não sei se o posso fazer, uma vez que isso é capaz de violar a sua liberdade individual.

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