Exmo. Sr. Natal (desculpe não o tratar por "Pai", mas acho que seria abuso da minha parte. Pai só há um e no meu caso era aquele senhor que me trazia carteirinhas de cromos dos Ursinhos Carinhosos e do Já Tocou sempre que ia comprar o jornal).
Esperei alguns dias para lhe escrever esta carta, de modo a dar-lhe tempo para toda a sua travessia planetária, assim como para recuperar dos respectivos jet-legs. Deixe-me que lhe diga que o acho já um pouco idoso para tamanhas tropelias, apesar da sua periodicidade ser meramente anual. Não seria já tempo para gozar da sua reforma, talvez num time-share em Monte Gordo com a Sra. Natal? 2004 anos a descontar para a Caixa ainda devem dar uma reforma de alguma dimensão(a não ser que não tenha descontado, o que faz de si um patife fora-da-lei e um péssimo exemplo fiscal para as criancinhas de todo o mundo). Será que a sua função é tipo Papa, e o Sr. só se pode abandonar o seu cargo quando morrer? Se esta última situação se verificar, aposto que estará de algum modo relacionada com o facto de o Sr. Natal se ter prostituído (desculpe a brusquidão do termo, mas é o adequado) à Coca-Cola. A Guerra Fria não lhe ensinou nada?
Esta minha missiva serve para apresentar uma reclamação escrita referente aos meus intitulados "presentes" deste ano. Vejo-me forçada a entrar em contacto consigo desta forma, uma vez que alguns minutos de conversa com um incompetente funcionário do 118 me levaram a concluir que o Sr. não dispõe de um número gratuito para reclamações e apoio ao cliente. Tentei informar a DECO do sucedido, mas o meu esforço foi inglório, dada a incapacidade de parar de rir por parte de quem atendeu o telefone. Escusado será dizer que, chocada com o sucedido, cancelei de imediato a minha assinatura da Proteste, mesmo sabendo que o próximo número ia ter como chamada de capa uma comparação entre os vários acendedores piezoeléctricos disponíveis no mercado.
A minha reclamação deve-se à total descoordenação entre as prendas que lhe pedi para este Natal e aquelas que vim efectivamente a receber. Gostaria de saber o que é que o levou a ler "pano da louça com Galo de Barcelos" em vez de "I-Pod em cor verde". Também não consigo perceber como foi confundir o item "caixa da trilogia Guerra das Estrelas em DVD" com "cuecas cor-de-rosa modelo avózinha badocha".
Espero que tenha esta reclamação em conta. A morada para onde me pode enviar as prendas CERTAS é a mesma do costume. E por favor, não ignore esta carta apenas por deter o monopólio natalício. Nunca se sabe quando pode começar a ter concorrência. Talvez para o ano apareça alguém mais novo, mais apelativo, com um look e um meio de transporte mais dignos (acho desumano aquilo que faz às pobres renas, em cuja natureza não está a capacidade de voar. Será que a PETA sabe disto?).
Sem mais assunto de momento,
Atenciosamente,
Tangerina
Esperei alguns dias para lhe escrever esta carta, de modo a dar-lhe tempo para toda a sua travessia planetária, assim como para recuperar dos respectivos jet-legs. Deixe-me que lhe diga que o acho já um pouco idoso para tamanhas tropelias, apesar da sua periodicidade ser meramente anual. Não seria já tempo para gozar da sua reforma, talvez num time-share em Monte Gordo com a Sra. Natal? 2004 anos a descontar para a Caixa ainda devem dar uma reforma de alguma dimensão(a não ser que não tenha descontado, o que faz de si um patife fora-da-lei e um péssimo exemplo fiscal para as criancinhas de todo o mundo). Será que a sua função é tipo Papa, e o Sr. só se pode abandonar o seu cargo quando morrer? Se esta última situação se verificar, aposto que estará de algum modo relacionada com o facto de o Sr. Natal se ter prostituído (desculpe a brusquidão do termo, mas é o adequado) à Coca-Cola. A Guerra Fria não lhe ensinou nada?
Esta minha missiva serve para apresentar uma reclamação escrita referente aos meus intitulados "presentes" deste ano. Vejo-me forçada a entrar em contacto consigo desta forma, uma vez que alguns minutos de conversa com um incompetente funcionário do 118 me levaram a concluir que o Sr. não dispõe de um número gratuito para reclamações e apoio ao cliente. Tentei informar a DECO do sucedido, mas o meu esforço foi inglório, dada a incapacidade de parar de rir por parte de quem atendeu o telefone. Escusado será dizer que, chocada com o sucedido, cancelei de imediato a minha assinatura da Proteste, mesmo sabendo que o próximo número ia ter como chamada de capa uma comparação entre os vários acendedores piezoeléctricos disponíveis no mercado.
A minha reclamação deve-se à total descoordenação entre as prendas que lhe pedi para este Natal e aquelas que vim efectivamente a receber. Gostaria de saber o que é que o levou a ler "pano da louça com Galo de Barcelos" em vez de "I-Pod em cor verde". Também não consigo perceber como foi confundir o item "caixa da trilogia Guerra das Estrelas em DVD" com "cuecas cor-de-rosa modelo avózinha badocha".
Espero que tenha esta reclamação em conta. A morada para onde me pode enviar as prendas CERTAS é a mesma do costume. E por favor, não ignore esta carta apenas por deter o monopólio natalício. Nunca se sabe quando pode começar a ter concorrência. Talvez para o ano apareça alguém mais novo, mais apelativo, com um look e um meio de transporte mais dignos (acho desumano aquilo que faz às pobres renas, em cuja natureza não está a capacidade de voar. Será que a PETA sabe disto?).
Sem mais assunto de momento,
Atenciosamente,
Tangerina
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