o tempo é uma coisa com que adoramos brincar e da qual adoramos falar. desta vez não estou a falar daquele da meteorologia, que esse hoje está demasiado chuvoso, amuei com ele e foi para a caixa dos tabus até se pôr na ordem.
falo do outro, aquele que passa, ou que fica, que move ponteiros de relógio sempre numa direcção, desde que a pilha ou a corda ajudem. a dimensão que damos ao tempo, quase sempre para dizer que o temos em pouca quantidade, fez-me pensar que o tempo depende muito do uso que se lhe dá. se o lamarck tem perdido (ou será ganho?) tempo a pensar nisto, podia ter dado um belo filósofo em vez de passar só por biólogo estudioso da evolução das espécies.
o ser humano é capaz de gastar horas a olhar para um quadrado junto à parede, que emite fotões, reconhecidos sob a forma de várias cores, e sons, sob a forma de várias notas, onde nada do que lá se passa acrescenta um pinchavelho ao mundo. nem ao de quem olha, nem ao de quem no mundo vive. pura distracção, defendem alguns. puro descanso, defendem outros.
da última vez que me lembro de ter pensado sobre isso, descanso ou distracção não rimavam com estupidificação. bom, distracção até rimava, mas fazem para aí tantos acordos ortográficos que com boa vontade consegue dar-se um jeitinho a isso.
e o tempo é mesmo aquilo que fazemos dele. como decidimos aproveitá-lo. aprende-se tanto a olhar para uma aranha enquanto desenha a sua teia. mas provavelmente quase toda a gente acha isso estúpido. o que a aranha se deve rir de tal sobranceria.
no fundo, acho que brincamos com o tempo como se tivessemos de origem, para lhe aplicar, a máquina do senhor do 'querida ampliei os míudos', mas acabando por cair na tentação de polvilhar muito mais o tempo com a do filme original dessa série em que o trapalhão cientista os encolhia.
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