sei que o ditado diz que os extremos se tocam. isso é aplicável na política, na opinião em geral, nos clubismos ou até no protesto perante o tempo, tanto o que passa como aquele outro que teima em fazer nuvens e largar água e coisas dessas. tirando a vontade extrema de viver e de tudo experimentar, nunca consegui perceber o apelo pelo extremo. ainda mais difícil é perceber quem está nos extremos e não se apercebe de que vive com duas palas asininas, perdento tanto e ganhando tão pouco.
a pluralidade de opiniões, e de perspectivas sobre tudo o que o mundo nos oferece, é das coisas que mais aprecio. gosto de discutir com gente que pensa como eu mas ainda mais de discutir com gente que não pensa como eu. aprendo sempre tanto ou mais do que quando debato com quem tem o compasso nas mesmas linhas que as minhas, porque sair da zona de conforto ensina e flexibiliza. os tempos negros que vivemos, e as dificuldades que atravessamos, deviam ser precisamente o tempo ideal para compreender que o diálogo é como o cimento da parede das casas e que ouvir é tão importante como abrir as janelas na primavera para deixar arejar uma casa que suplicou por oxigénio todo um inverno.
o problema quando falamos com quem está nos extremos é que não há casa para construir, não há debate para pôr de pé, há preconceito e há a falta de inteligência típica de quem se acha tão inteligente que não percebe que isso é das mais básicas faltas de inteligência. uma coisa que todos deviam pensar pelo menos uma vez ao acordar e outra ao deitar, sejam académicos, adiantados mentais, políticos, não-políticos, astronautas ou agricultores, é que há sempre alguém no mundo que sabe menos do que vocês e sempre alguém no mundo que sabe mais do que vocês. esse é um bom ponto de partida. o seguinte (vamos continuar a ligar pontos como se estivéssemos a brincar com as mini-cruzadas da disney durante a infância) é entender que nem sempre o conhecimento vem de onde esperamos. às vezes aprendemos mesmo mais a olhar para o modo como as folhas mudam de cor do que a ouvir um físico quântico. outras não. varia.
num tempo em que até as bandeiras fazem o pino, façamos também nós o pino e entendamos que estar sempre em bicos dos pés permite ver mais alto que o resto da multidão mas evita olhar para o chão e encontrar a nota de cem euros que ali está perdida. e se dá jeito uma nota de cem euros perdida nos dias que correm...