" és feliz? "
se vos fizerem esta pergunta, o mais provável é começarem a patinar e gaguejar enquanto tentam responder honestamente. acabam por dar uma resposta remendada, feita às três pancadas, e isso acontece, acima de tudo, pela falta de coragem que temos para parar de vez em quando e pensar na resposta a esta pergunta.
uns imaginarão a felicidade brilhando como diamantes, com postais de ilhas paradisíacas, águas claras e lagostas crepitantes a sair da grelha, enquanto vão polindo o brilho ao seu carro de luxo. outros cairão no pseudo-romantismo de abraçar uma felicidade primitiva, o amor e uma cabana, as estrelas tão bonitas lá no céu e para que precisamos do mundo e para que precisa o mundo de nós (até serem mordidos por um animal venenoso e irem a correr aflitos para o hospital).
a felicidade propriamente dita é impossível de definir. é ler e ver e ouvir, para entender que há milhares de anos que gente que sabe e gosta de pensar se questiona sobre isso, sem chegar a grandes conclusões, apenas a argumentos. não haverá provavelmente A felicidade, mas sim UMA felicidade, a de cada um, a dos com que cada um vive. e os copos de medida, os pesos na balança, serão diferentes de indivíduo para indivíduo, o que releva o erro da felicidade comparada, erro tantas vezes cometido.
vivemos na sociedade da comparação. pensamos se sabemos mais ou menos do que os outros, se fomos a mais ou menos sítios do que os outros, se ganhamos mais ou menos do que os outros. perdidos neste jogo de gráficos esquecemo-nos frequentemente de respirar e aproveitar um fim de tarde, ou de correr à chuva e recordar que a pele está viva e em contacto com a natureza.
não existirão panaceias ou medidas certas, mas acho que um dos passos mais importantes para a felicidade é conseguir ficar feliz com a felicidade dos outros.
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