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Foggy


Picture by Eric Hancock


Um dia destes... entro pela porta, atravesso o corredor, destranco com violência a porta, faço ranger os batentes, pulso o botão do elevador, desço o mais rápido que a Otis me permite, violo a porta da arrecadação, desanco a bicicleta... e só me acalmo lá fora! Mas não é logo... só depois de dizer bom-dia ao Gil e de cumprimentar as raias.

E depois parto... à descoberta de um novo dia. A alma embrenha-se no nevoeiro... o nevoeiro que nos faz sonhar mais, o nevoeiro que faz os barcos buzinar, o nevoeiro que traz sempre o assassino num filme de terror, o nevoeiro que trará de volta o D.Sebastião! E os cheiros penetram, infiltram-se, a maresia rebola-se com a rivericidade!!! E o que eu gosto de neologismos... e o que os neologismos gostam de mim. Será que o meu "rivericidade" vai aparecer no novo dicionário de Língua Portuguesa? Eu não queria... ao lado de tantas adaptações ridículas para a nossa língua. Aos outros o que é dos outros... e o que é nosso é nosso! O português não é tratado melhor por ter palavras estrangeiras adaptadas, nada disso... o português é bem tratado é por mim! É bem tratado é por vocês! É bem tratado é por todos nós...! E principalmente... é bem tratado pelo nevoeiro, que o envolve, como noutra manhã qualquer... e juntos vão numa sinfonia de bom gosto.

Deixem-se embrenhar pelo nevoeiro... Vejam o que ele vos dá... Que coisas conta! E usem os vossos sentidos... Não tem sentido não usar os sentidos, porque o sentido de usar os sentidos é sentido de forma muito sentida por cada um de nós. Se eles cá estão, são mesmo para ser utilizados. E olhem que eles comunicam com a massa cinzenta... Mais depressa ou menos... mas acabam por comunicar... Por isso não sejam computadores prestes a ser formatados...

Armazenem... e vão ver como podem ser felizes!

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