Má ideia ter feito isso... Sentiu que algo de estranho se passava. O vento parecia ter parado de soprar, a noite parecia-lhe mais escura e até um gato que rondava o local se tinha evaporado, como que por artes mágicas...
De repente Bernstein ouviu passos... Olhou para trás de si e não viu nada... Está bem que a sua visão estava algo turva, mas mesmo assim... Pneus furados e passos aterradores, tinha de ir embora o mais rápido possível!
A última coisa que viu foi um reflexo no seu vidro quando tentava abrir a porta... A seguir acordou dorido e a sentir o molhado do chão. Não conseguia ver um palmo à frente do seu nariz, mas pareceu-lhe estar numa espécie de armazém. Porque cheirava ao de leve a peixe e ouvia o som de água a pingar.
Abrindo os olhos lentamente... começou a distinguir um pequeno brilho do lado esquerdo do seu campo de visão... o que aparentava ser uma lanterna apontada à distância. Junto da lanterna, pareciam também notar-se os contornos de um homem de gabardine e chapéu... mas simplesmente imóvel e sem aspecto de se vir a mexer. Bernstein continuou a observar esse local e apercebeu-se de que a lanterna se aproximava agora de si, carregada pelo vulto.
Com a fortíssima luz a um metro de distância, o acorrentado não conseguia ver nada para além do brilho, acabando por ouvir:
- Mas quem é que é capaz de defender uma pessoa, sabendo que é um assassino?
- Desculpeee.... Quem... Quem é vocêêê...? - perguntou Bernstein muito a custo.
- E o que é que isso te interessa? Parece-me que não olhas a nomes, alturas, cores ou atitudes para escolher os clientes que defendes. Por isso também não te devias preocupar em definir quem te faz frente.
- Eu tenho dinheiro, muito dinheiro... Se me tirar daqui, posso dar-lhe uma vida descansada para o resto dos tempos!!!
- Aaaaaaaaaaah aaaah aaah!
A gargalhada do homem do chapéu ecoou fria pelo armazém em que se encontravam....
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