Era o rei da margem oriental do rio. A sua simples aparição provocava os mais terrivéis calafrios a quase todos... Ninguém tinha coragem de lhe fazer frente!
A própria corrente do rio parecia fugir para o outro lado, com o terror instalado nas suas turvas águas. E com alguma razão... Muitos já ele fizera terminar os seus dias no fundo do East River. Os seus métodos eram muito particulares... As vítimas nunca apareciam. Pelo menos inteiras... já que por vezes eram recolhidos pedaços de carne, do que se pensava ser uma fábrica de conservas de carne, na margem do rio, bastante a juzante do bairro do Boy.
E a escolha das vítimas também não era criteriosa. Tanto podia ser quem o confrontasse, como quem lhe parecesse dar um bom esquartejado, como alguém que estivesse num dia de azar. Porque quando não tinha de o fazer por necessidade... o Boy fazia-o por prazer...
A morte e o Boy tinham o mesmo apelido...
Que o dissesse o advogado Bernstein, que naquele dia saiu do tribunal com um ar triunfante. Tinha acabado de ganhar um caso. Bem mediático, por sinal. Defendeu, sem escrúpulos, um assassino convicto, que foi ilibado com a ajuda de psiquiatras que confirmaram a sua inocência por problemas psíquicos. O triunfalismo de Bernstein acompanhou-o a um bar nas docas, onde os amigos Oliver e Joshua o esperavam. Foi com alegria que o receberam, já tinham aliás sabido da vitória do seu compincha, pela rádio. O álcool falou mais forte e os festejos foram de arromba.
Já passava das duas horas da madrugada quando Bernstein se despediu dos amigos e saiu do bar em direcção ao seu Lexus topo de gama. Ao chegar ao carro, mesmo embriagado, conseguiu ver que os pneus da frente estavam mais baixos que os de trás... E foi confirmar o que se passava...
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