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Auto-ajuda



Se houve coisa que sempre me fascinou nos E.U.A. são os inúmeros livros de auto-ajuda que inundam as prateleiras das livrarias americanas. Então as dos aeroportos nem se fala... O que já me choca mais é o facto de, com o tempo, a moda ter pegado por estes lados, e muitas dessas verdadeiras pérolas literárias terem sido traduzidas para português e estarem aí ao dispor de toda a gente.

Ora, eu considero este fenómeno como quase paranormal. Quem é que no seu bom juízo acha que dá resultado comprar um conjunto de folhas encadernadas com o título "Como dar lucro à sua empresa em 10 passos!" ou então "Torne-se um grande chefe de cozinha em 30 minutos!"? Para não falar dos ainda mais trabalhados "Como vencer os seus medos com a ajuda da música tradicional do Nepal!" ou "Disfunção Sexual? Saiba como curá-la em 15 dias!"...

Enfim, o mais grave disto tudo é que há quem compre. Mas para perceberem que há gente definitivamente influenciável, eu próprio confesso que perdi algumas horas a ler "O ABC do xadrez", talvez na esperança de acrecentar pequenos sufixos ao meu nome e tornar-me quem sabe o Joaoenko Pedrov do tabuleiro... Pior está o meu amigo RM (que me emprestou "O ABC do xadrez") porque tinha outro livro da mesma colecção chamado "O ABC do ténis"... Parece que estou a imaginar o Agassi ou o Sampras, quando eram novos, com a raquete numa mão e "O ABC do ténis" na outra...

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