escreve-se muito sobre o amor.
escreve-se demasiado sobre o amor.
será que se escreve efectivamente sobre o amor?
não se escreve quase nada de jeito sobre o amor.
não contem que seja eu que venha fazer isso. tenho mais jeito para ler em esplanadas, enquanto bebo goles de café e me perco a olhar para as gaivotas na sua vidinha, do que para eloquência em temáticas amorosas.
o vosso azar é que as gaivotas foram de fim-de-semana e estou sem moedas para comprar café, restando-me apenas a caneta e o papel do moleskine. esperem. está aqui o computador também. vou salvar a amazónia (e um ou outro bocado de monsanto) e usar antes as teclas.
não houve jamais um homem ou mulher que compreendesse o amor. nem jamais haverá. tal como ninguém sabe onde o universo começa ou termina. achando-nos na inteligência de tudo saber, cometemos o erro de frequentemente achar que os limites do universo, o amor, ou a razão pela qual a torrada cai sempre com o lado da manteiga para baixo, não nos escapam à compreensão.
erro. é bom compreender. mas é melhor ainda viver. o amor existe para ser vivido. tal como o universo existe para ser vivido. a história da torrada e da manteiga já não é bem assim, mas fica para outro dia que eu não gosto de falar de manteiga em textos que vacilam deslizantemente para o campo magnético do amor.
todo o tempo que é perdido a discutir o geral é fascinante. porque uns amam devagar demais. outros amam depressa demais. uns param demasiado para pensar. outros deviam parar para pensar. uns sabem gostar. outros não sabem gostar. o amor morre. o amor vive. paremos.
paremos, não para pensar, mas para aproveitar melhor o tempo, porque esse não pára e, vulgarmente, ri-se de quem não o sabe usar. dêem as mãos e sorriam mais vezes. discutam a forma das nuvens mais vezes. sintam que adormeceram com a vossa metade e que acordaram com a vossa metade. a vida está cheia de detalhes e a teimosia continua a ser em falar da forma em vez de mergulhar no conteúdo.
o vosso coração precisa da arquitectura correcta para funcionar. como todas as máquinas. mas isso não chega. nunca vi nada funcionar sem combustível (energia cinética também conta, não vá aparecer aqui algum preciosista da física). e o coração não é excepção. hoje, quando forem tentar desconstruir o amor, com o objectivo de criar um livro de instruções, saiam em vez disso para a rua e sorriam para o céu da noite. na volta ainda vêem uma aurora boreal e percebem que os pincéis para colorir a felicidade já vêm connosco de origem. basta querer utilizá-los.
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beijinhos :))