acho incrível a importância que é dada a tudo o que são castelos, templos, antas, dolmens, caras gigantes em ilhas do pacífico, etc., que se catapultam para fenómeno turístico porque são ruínas de algo que já foi grande.
acho incrível sobretudo a nossa vontade de atravessar o mundo, e largar fundos, para tudo isso visitar, quando cada um de nós carrega no coração ruínas de si próprio e raramente as visita. o senso comum tende a achar que o que digo não é verdade, e que nos lembramos sempre, em sofrimento (então se formos portugueses o sofrimento é barrado com molho de hipérbole), de todas as coisas más que atentaram contra a vida desse nosso órgão tão importante. mas essa é só metade da história.
em abono da verdade o que fazemos é olhar para as clareiras, para os prédios caídos, e para a imagem do que foi. e aqui falo da ilha da páscoa como falo do coração. falta-nos o exercício de re-imaginar o que era. olhar para os templos incas como se estivessem acabados de inaugurar e cheios de gente a andar para cima e para baixo a acartar caldeirões de chocolate líquido. imaginar as pirâmides de gizé a acabar de receber a última pedra do seu vértice sob um calor abrasador enquanto alguém acabava de enrolar o falecido faraó em quantidades inimagináveis de papel renova. ou parar para lembrar toda a vida, coisas boas e más, com que o nosso coração foi antes invadido.
ser especialista a olhar para como ficou não é igual a saber ver o que foi. e muito menos ajuda a saltar para o que virá a ser.
acho incrível sobretudo a nossa vontade de atravessar o mundo, e largar fundos, para tudo isso visitar, quando cada um de nós carrega no coração ruínas de si próprio e raramente as visita. o senso comum tende a achar que o que digo não é verdade, e que nos lembramos sempre, em sofrimento (então se formos portugueses o sofrimento é barrado com molho de hipérbole), de todas as coisas más que atentaram contra a vida desse nosso órgão tão importante. mas essa é só metade da história.
em abono da verdade o que fazemos é olhar para as clareiras, para os prédios caídos, e para a imagem do que foi. e aqui falo da ilha da páscoa como falo do coração. falta-nos o exercício de re-imaginar o que era. olhar para os templos incas como se estivessem acabados de inaugurar e cheios de gente a andar para cima e para baixo a acartar caldeirões de chocolate líquido. imaginar as pirâmides de gizé a acabar de receber a última pedra do seu vértice sob um calor abrasador enquanto alguém acabava de enrolar o falecido faraó em quantidades inimagináveis de papel renova. ou parar para lembrar toda a vida, coisas boas e más, com que o nosso coração foi antes invadido.
ser especialista a olhar para como ficou não é igual a saber ver o que foi. e muito menos ajuda a saltar para o que virá a ser.
Comentários
É... as ruínas têm que ser ruínas de alguma coisa que já foi, ou então começos de qualquer coisa que está para ser. Ou ambas, como dizes.
P.s. - gosto de te ver a citar Nietzsche como subtítulo do teu 'originalidade'.