quando de vez em quando apanho uma nuvem para andar a brincar aos holofotes por cima de serras, lagos, casas e eslapilos, fico sempre com vontade de dar um pontapé no eixo da terra, só por mera diversão.
sei que posso perfeitamente parar a rotação da terra. ou até bem mais engraçado, pôr a galáxia à volta a rodar à mesma velocidade que a terra gira, e rir-me do desespero alheio ao ver que o dia nunca teria fim para uns e nunca teria princípio para outros. brincar com os astros é quase tão bom como uma sangria de champagne e frutos silvestres, servida num jarro que vem a transpirar de gula, numa qualquer noite de um qualquer dia de verão.
perco-me a imaginar seitas sem fim a anunciar que o mundo agora ia mesmo acabar, que estava escrito nas estrelas. tretas. como é que podem achar que sabem ler os textos das estrelas, quando a tinta que é usada para esses livros já está muitas vezes apagada há centenas de anos? claro que como as palavras são quase tão persistentes como a raiz de um salgueiro, prestam-se a voar através de universos e dias e noites para se mostrarem a quem olha para elas. através de telescópios complexos, no topo de montanhas. ou então apenas de mão dada, deitado na relva, pelo meio de uma tarefa muito mais interessante, que é descobrir no celeste da noite estrelas cadentes e imaginar principezinhos montados nelas.
os profidicuos dos seres humanos, acham que conseguem reduzir tudo a equações. inventar formas de explicar tudo de um modo matemático, organizado, com muitas raízes quadradas, exponenciais e um ou outro integral, mas não daqueles que são fibra nos cereais. pobres coitados, enquanto escrevinham mais um menos na folha quadriculada, um pirilampo voa do lado de fora da janela e ri-se de quem algum dia acreditou que é possível pôr ordem no caos. é que isso sim... seria o fim do mundo...
Comentários