nunca percebi porque é que as pessoas detestam cemitérios.
eu adoro cemitérios.
um cemitério tem tudo aquilo que nos permite pensar sobre a vida. tem a morte como pseudo-motivo de existência. mas para mim isso é combustão para pensar na vida. cada campa, cada gaveta, cada bloco de pedra, conta uma história. no mínimo. porque na grande maioria dos casos conta milhares delas. a homenagem que lá fica escrita raramente o traduz. paralelipipedos de mármore com 'destes que tanto te amam' cunhado com escopo não dizem muito sobre a pessoa. é. só isso é que não gosto nos cemitérios. que os que ficam vivos despersonalizem aqueles cujos (meros) ossos ali são deixados. seria tão mais lindo porem "para o antónio, que comia sempre mais um prato de caracóis do que os outros todos" ou "para a luísa, que era a última a sair da água, nos dias quentes de verão, combatendo com o sol para ver quem se conseguia esconder da água mais tarde".
além do mais são sítios bonitos. desenhados para transmitir calma. com árvores e pedras e relvados. aprende-se mais sobre uma localidade no cemitério do que em muitos dos outros lugares. pelos apelidos. pelos anos em que morreu mais gente. pela arquitectura de cada campa. quase pela forma como o saibro foi aplicado e para que lado tende mais a acumular-se. curioso, num cemitério até se aprende de que lado o vento sopra.
não tenho intenção de ir para um. mas os cemitérios são sítios lindos. se tivesse que escolher um sítio desenhado pelo homem que mais se aproxima de um livro escrito, é um cemitério sem dúvida.
vou-me retirar antes que me acusem de necrofilia. se entendem por necrofilia ter o prazer de viver tão intensamente que olhar a morte de cima e conversar com as pedras que a querem representar é algo de perfeitamente natural, então sim... sou capaz de encaixar no perfil. mas naquele aterro de almas, o fenómeno da vida dá-se a todo o instante, os átomos separam-se, as ligações quebram-se, para outras se formarem, para nova criação, quase como se de pequenos vulcões de pedra estivéssemos a falar...
eu adoro cemitérios.
um cemitério tem tudo aquilo que nos permite pensar sobre a vida. tem a morte como pseudo-motivo de existência. mas para mim isso é combustão para pensar na vida. cada campa, cada gaveta, cada bloco de pedra, conta uma história. no mínimo. porque na grande maioria dos casos conta milhares delas. a homenagem que lá fica escrita raramente o traduz. paralelipipedos de mármore com 'destes que tanto te amam' cunhado com escopo não dizem muito sobre a pessoa. é. só isso é que não gosto nos cemitérios. que os que ficam vivos despersonalizem aqueles cujos (meros) ossos ali são deixados. seria tão mais lindo porem "para o antónio, que comia sempre mais um prato de caracóis do que os outros todos" ou "para a luísa, que era a última a sair da água, nos dias quentes de verão, combatendo com o sol para ver quem se conseguia esconder da água mais tarde".
além do mais são sítios bonitos. desenhados para transmitir calma. com árvores e pedras e relvados. aprende-se mais sobre uma localidade no cemitério do que em muitos dos outros lugares. pelos apelidos. pelos anos em que morreu mais gente. pela arquitectura de cada campa. quase pela forma como o saibro foi aplicado e para que lado tende mais a acumular-se. curioso, num cemitério até se aprende de que lado o vento sopra.
não tenho intenção de ir para um. mas os cemitérios são sítios lindos. se tivesse que escolher um sítio desenhado pelo homem que mais se aproxima de um livro escrito, é um cemitério sem dúvida.
vou-me retirar antes que me acusem de necrofilia. se entendem por necrofilia ter o prazer de viver tão intensamente que olhar a morte de cima e conversar com as pedras que a querem representar é algo de perfeitamente natural, então sim... sou capaz de encaixar no perfil. mas naquele aterro de almas, o fenómeno da vida dá-se a todo o instante, os átomos separam-se, as ligações quebram-se, para outras se formarem, para nova criação, quase como se de pequenos vulcões de pedra estivéssemos a falar...
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