Avançar para o conteúdo principal

Carta



O Oranginalidade orgulha-se de vos comunicar que conseguiu traduzir em exclusivo para vocês uma música tradicional afegã chamada "Carta para Bin Laden". Ao que o Oranginalidade apurou esta música é cantada por um grupo afegão (a barba do seu vocalista não engana quanto à nacionalidade...) que se chama Al-Torhanjaeda. Dizem-me agora aqui do lado... que podem usar a música da "Carta" dos Toranja para cantarem esta letra...

Não falei contigo
com medo que os montes e vales em que te escondes
caíssem a teus pés...
Acredito e entendo
que a estabilidade lógica
de quem não quer explodir
faça mal ao terrorista que és...

Afegão é o ar
que vais sugando e aceitando
como fruto de Verão
nas cavernas do teu refúgio...
Mas sinto que sabes que sentes também
que num dia maior serás trapézio sem rede
a disparar sobre o mundo
e tudo o que vejo...

É que hoje acordei e lembrei-me
que não sou um feiticeiro
Que a tua bola de cristal é feita de plutónio
Nela cabem muitos núcleos
núcleos para fazer puuummm, pum, pum!

Desconfio que ainda não reparaste
que tás a ser procurado
por americanos marados
aos quais te vais escapando...
E todo o teu planeamento estratégico
de sincronização de explosão
são leis como as da gravidade
cujos limites vais explorando...

Anseio o dia em que acordares
por cima de todos os cadáveres
com odores marados de carnes corroídas
sempre na mesma posição...
Podias deixar de fazer da vida
um ciclo vicioso
harmonioso do teu gesto mimado
e à palma da tua mão...

É que hoje acordei e lembrei-me
que não sou um feiticeiro
e a tua bola de cristal é feita de plutónio
Nela cabem muitos núcleos
núcleos para fazer puuummm, pum, pum!

Desculpa se não fiz fogo e armas
sem pedir autorização por escrito
ao sindicato dos terroristas...
mas não fui eu que assim escolhi.
Desculpa se te usei
como boneco para dar murros
neste mundo cheio de burros
que não te encontra a ti...

É que hoje acordei e lembrei-me
Que não sou um feiticeiro...

...nela cabem muitos núcleos
núcleos para fazer puuummm, pum, pum!

Ainda magoas alguém
O tiro passou-me ao lado
Ainda magoas alguém
Se não mataste ninguém
magoaste alguém
A mim... passou-me ao lado.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

À terceira é de vez!!!

Como tenho muita lata... este post é na linha de dois recentes... (um deles mesmo recentíssimo, o meu último) e trata da adaptação, não de séries (porque somos muito oranginais por estas bandas e isso depois na verdade tornar-se-ia repetitivo... quer dizer... até parece que assim não...), mas sim de filmes estrangeiros, para português. São novidades muito secretas e portanto só espero que tenham bastante cuidado na divulgação das mesmas (ao dizer isto espero que as publicitem, bem como a vinda aqui ao meu "little corner", numa jogada minha à laia d'"o fruto proibido é o mais desejado"). - Tó Pegane : história de um filho de uma ex-emigrante "na França" (daí a sempre típica mescla do nome António com o Pegane do francês com quem a senhora se casou). O rapaz entra para a Força Aérea, e depois há para lá umas intrigas. Ah! Na cena mais espectacular do filme, Tó Pegan faz um cozido à portuguesa, utilizando para aquecimento dos ingredientes a barriga...

na moda

Está na moda escrever sobre o amor. O truque é pintar o dito de lugares comuns e adornar o produto final com duas ou três asneiras das pesadas para emanar pseudo-rebeldia. O conjunto de palavras é tão bonito e tem uma força tão positiva que o que está mesmo a pedir é para ser posto num rectângulo, acompanhado de uma imagem do pôr-do-sol/paisagem verdejante/gatinhos/silhueta de um ou dois corpos (riscar o que não interessa) e feito, está pronto a sair do forno para esse sufrágio universal que são as redes sociais. Está na moda gostar dessa visão do amor. Que tenta copiar alguns traços dos mestres mas que os copia mal e porcamente, borra a tinta toda, mas encontra destinatários com a visão tão baça que nem dão por isso. Dantes havia o condão de ficar preso às letras do Shakespeare, do James, do Cummings e de tantos outros. Todos eles vieram por aí fora, ainda há bem pouco tempo dava para jogar à macaca com o Cortázar, mas está tudo a trocar a macaca por meia dúzia de macacos, que ap...

Sliding Doors

Assim que abriu a porta sentiu o cheiro do perfume dela. As moléculas atravessavam todos os recantos da sala, saltavam do pescoço dela, atravessavam as partículas feitas do mesmo pó que as estrelas, para se irem alojar nos sensores olfactivos do seu nariz, refinados durante anos para saber distinguir o agradável do nauseabundo, bem como tudo o que está pelo caminho. Os cabelos dela brilhavam como se tivessem sido tocados pelo Rei Midas. Deslizavam pelas costas, lembrando-lhe a cor com que fica a encosta inclinada de uma montanha naquele lusco-fusco que se precipita ao pôr do sol. O nariz dela tinha as proporções perfeitas de uma rainha do século XVIII e era empinado o suficiente para lhe dar o ar de quem sabe por onde vai. Os seus olhos estavam, com certeza, nos lugares cimeiros da lista dos olhos mais bonitos do mundo. Tinham tanta vida, pensou ele, eram da cor que resultaria do acasalamento do azul turquesa com aquele verde dos lagos da Croácia. ...