Avançar para o conteúdo principal

Eu é que sou o presidente da junta



Com o seu sistema de milhares de câmaras espalhadas pelo país, o Oranginalidade conseguiu ter acesso completo a um dia inteiro de um Presidente de Junta de Freguesia em Portugal. Para não ferir susceptibilidades (e também porque o autor não quer ser preso... até é capaz de ser mais por causa disso...) vamos chamar à freguesia... Freguesia de Sardinha nas Brasas do Carvão em Baixo e ao nosso presidente Toni Manel Sousa ou algo que o valha... "Toni, ganda maluco" para os amigos... e "Shô presidente" para outros habitantes da freguesia.

O Dr. Toni acorda (o que é logo um milagre... como se chama doutor a um senhor com a quarta classe) na sua casa solarenga, com vista para o vale. A sua casa por fora não é a maior da aldeia sede de freguesia, isso dava muito nas vistas, mas por dentro está equipada com tudo do melhor. Por cima da cabeceira da cama está pendurado um crucifixo, e na parede em frente aos pés da cama, a fotografia de Toni a ser condecorado com a Grande Cruz da Ordem... da Ordem... parece que era da Ordem de chegada dos aviões ao aeroporto de Pedras Rubras.

Depois da sua higiene e refeição matinais, Toni mete-se ao volante da sua "pick-up" e lá chega à estrada alcatroada em direcção à casa que alberga a Junta. Parece que é dia de receber os cidadãos... O senhor "Jaquim" queixa-se das obras na estrada que não o deixam entrar em casa. A dona Elizete diz que o carteiro deixa sempre um niquinho dos envelopes de fora da caixa do correio. O senhor Reinaldo queixa-se da próstata... ao que parece a fila para ser atendido pelo presidente era mais pequena que a do posto médico... e como são ambos no mesmo sítio e as portas uma ao lado da outra... o senhor Reinaldo pensou que tinha descoberto a pólvora. Afinal acabou por só receber um sorriso amarelo do shô presidente e a garantia de que ia pensar no problema dele.

O shô presidente vai então almoçar com os industriais importantes da aldeia: a dona Marisa, proprietária da vacaria, o senhor Alfredo, que faz bonecos de madeira... e o Pipas, que é o dono do café-snack bar "Jogo da Bola". Depois de se inteirar dos progressos financeiros da manhã na sua aldeia, passa a tarde a visitar as casas que estão a ser construídas na aldeia. Claro... vai logo vendo quais os andares dos prédios que apanham mais sol, já que vai ter de escolher um, não é? Simpatia dos construtores, só isso... E tão lindo que é construir casas em leitos de cheia e terrenos agrícolas e ecológicos.

Depois deste dia muito intenso, o Toni ainda passa no "Jogo da Bola" para beber uma "begeca" e mordiscar uns tremoços, e volta para casa para jantar com a sua Maria. O serão é passado também com a sua esposa e com os meninos... o Márcio e a Tonicha... toda a família junta a ver os Malucos do Riso!

E assim se passa um dia em Sardinha nas Brasas do Carvão em Baixo...

Comentários

Mensagens populares deste blogue

À terceira é de vez!!!

Como tenho muita lata... este post é na linha de dois recentes... (um deles mesmo recentíssimo, o meu último) e trata da adaptação, não de séries (porque somos muito oranginais por estas bandas e isso depois na verdade tornar-se-ia repetitivo... quer dizer... até parece que assim não...), mas sim de filmes estrangeiros, para português. São novidades muito secretas e portanto só espero que tenham bastante cuidado na divulgação das mesmas (ao dizer isto espero que as publicitem, bem como a vinda aqui ao meu "little corner", numa jogada minha à laia d'"o fruto proibido é o mais desejado"). - Tó Pegane : história de um filho de uma ex-emigrante "na França" (daí a sempre típica mescla do nome António com o Pegane do francês com quem a senhora se casou). O rapaz entra para a Força Aérea, e depois há para lá umas intrigas. Ah! Na cena mais espectacular do filme, Tó Pegan faz um cozido à portuguesa, utilizando para aquecimento dos ingredientes a barriga...

na moda

Está na moda escrever sobre o amor. O truque é pintar o dito de lugares comuns e adornar o produto final com duas ou três asneiras das pesadas para emanar pseudo-rebeldia. O conjunto de palavras é tão bonito e tem uma força tão positiva que o que está mesmo a pedir é para ser posto num rectângulo, acompanhado de uma imagem do pôr-do-sol/paisagem verdejante/gatinhos/silhueta de um ou dois corpos (riscar o que não interessa) e feito, está pronto a sair do forno para esse sufrágio universal que são as redes sociais. Está na moda gostar dessa visão do amor. Que tenta copiar alguns traços dos mestres mas que os copia mal e porcamente, borra a tinta toda, mas encontra destinatários com a visão tão baça que nem dão por isso. Dantes havia o condão de ficar preso às letras do Shakespeare, do James, do Cummings e de tantos outros. Todos eles vieram por aí fora, ainda há bem pouco tempo dava para jogar à macaca com o Cortázar, mas está tudo a trocar a macaca por meia dúzia de macacos, que ap...

Sliding Doors

Assim que abriu a porta sentiu o cheiro do perfume dela. As moléculas atravessavam todos os recantos da sala, saltavam do pescoço dela, atravessavam as partículas feitas do mesmo pó que as estrelas, para se irem alojar nos sensores olfactivos do seu nariz, refinados durante anos para saber distinguir o agradável do nauseabundo, bem como tudo o que está pelo caminho. Os cabelos dela brilhavam como se tivessem sido tocados pelo Rei Midas. Deslizavam pelas costas, lembrando-lhe a cor com que fica a encosta inclinada de uma montanha naquele lusco-fusco que se precipita ao pôr do sol. O nariz dela tinha as proporções perfeitas de uma rainha do século XVIII e era empinado o suficiente para lhe dar o ar de quem sabe por onde vai. Os seus olhos estavam, com certeza, nos lugares cimeiros da lista dos olhos mais bonitos do mundo. Tinham tanta vida, pensou ele, eram da cor que resultaria do acasalamento do azul turquesa com aquele verde dos lagos da Croácia. ...