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Tirar a carta...

Gosto dos meus instrutores de condução. Palavra! Tipos porreiros! Um deles chama-me Susana (“olhe lá, olhe lá… mais travão, Susana… mais, MAIS”), passa o tempo da aula a ouvir o relato da bola na rádio e, quando finalmente “imobilizo o veículo em segurança”, espera sempre que eu tenha imensas dúvidas acerca do funcionamento do automóvel. O outro, mais novo, falhou a vocação. Devia ter sido psicólogo. Faz-me falar sobre a minha vida, a faculdade, a família, pergunta-me se gosto de conduzir e o que é que isso me faz sentir, se já tinha conduzido antes… No final da aula chega à conclusão de que eu tenho cara de pediatra e que ando a praticar a condução no carro do meu pai. E eu fico sem coragem para lhe dizer que as criancinhas não são o meu forte e que o meu pai não me empresta o jipe desde que o atirei contra o muro da minha casa…

Os professores de código também têm feito muito por mim. Continuo a errar cerca de metade das perguntas dos exames que passam nas aulas mas já aprendi imensos sinais de “puribido” e estou bem mais atenta a “tricky questions” de exames. Por exemplo, quando me perguntarem se, perante determinado sinal, o peão pode andar com o cavalo pela mão, direi imediatamente que não! Segundo o meu professor – homem com um domínio perfeito da língua – “como é que se anda com o cavalo pela mão se o cavalo não tem mãos?”

Apesar destes senãos, quero deixar aqui expresso um elogio aos instrutores de condução: podem não ser muito perspicazes mas (ou por isso mesmo…) arriscam a vida ao meu lado quando eu vou a guiar. E nunca ninguém fez tanto por mim!

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