Avançar para o conteúdo principal

Shot down



Por muitos vales que se percorram sem sofrer uma inundação ou uma derrocada, por muita floresta que se faça sem ficar preso no meio do incêndio, por muito mar que se nade sem afogamentos à mistura, não há por vezes escape e ficamos demasiado expostos, somos alvos demasiado fáceis. Parece que estamos no meio de uma praça, rodeada de edifícios, e em cada janela está um atirador, pronto a cumprir o seu serviço.

Passado um pouco... somos abatidos! As paredes do estômago colam-se, os olhos parecem querer saltar das órbitas, rapidamente o formigueiro se apodera das nossas pernas e nem sequer para chorar nos restam forças. Só indignação... fica só a indignação por ver como tudo isto corre. Dias atrás de dias... e sempre tiramos a mesma conclusão, merece imenso a pena viver neste mundo, mesmo com todos os problemas que tem. Mas é assim mesmo... muitos desses problemas abatem-nos, ferem, o tiro não passa ao lado, acerta e em cheio, mesmo no quarto espaço intercostal esquerdo e a bala vai alojar-se entre as fibras musculares do miocárdio, para que a cada oito décimos de segundo nos possamos lembrar que ela lá está. Afinal, um bocadinho da alma estará mesmo no coração, como os egípcios pensaram.

O "Oranginalidade" é bem disposto por natureza. Vocês não têm nada de levar com os estilhaços da minha bala, se era para mim que ela estava destinada, deixem-me ficar eu com ela e continuem a vossa política de "carpe diem".

Aproveitem, porque há muitas balas perdidas e nunca saberão quando será a vossa vez. Os estados de alma não se escolhem... existem, aparecem, brotam por si próprios, como se fossem seres autónomos. O meu agora está assim. E enquanto a bala continuar a dar sinal da sua presença aqui bem fundo, vai ser difícil pensar de outra maneira...

Comentários

Mensagens populares deste blogue

À terceira é de vez!!!

Como tenho muita lata... este post é na linha de dois recentes... (um deles mesmo recentíssimo, o meu último) e trata da adaptação, não de séries (porque somos muito oranginais por estas bandas e isso depois na verdade tornar-se-ia repetitivo... quer dizer... até parece que assim não...), mas sim de filmes estrangeiros, para português. São novidades muito secretas e portanto só espero que tenham bastante cuidado na divulgação das mesmas (ao dizer isto espero que as publicitem, bem como a vinda aqui ao meu "little corner", numa jogada minha à laia d'"o fruto proibido é o mais desejado"). - Tó Pegane : história de um filho de uma ex-emigrante "na França" (daí a sempre típica mescla do nome António com o Pegane do francês com quem a senhora se casou). O rapaz entra para a Força Aérea, e depois há para lá umas intrigas. Ah! Na cena mais espectacular do filme, Tó Pegan faz um cozido à portuguesa, utilizando para aquecimento dos ingredientes a barriga

Reset

00:00 Os números piscavam a vermelho no fundo escuro. O escuro era da noite por fora, por dentro a culpa não era da noite. Ou então era de noite também por dentro. Dentro da cabeça uma pulsação contínua, um incessante martelar, uma inequívoca prova de vida e um considerável incentivo à morte. O dia rodava dentro da caixa craniana a uma velocidade superior àquela com que camisolas, calças e roupa interior dançam dentro da máquina de lavar roupa. As ideias misturavam-se de tal modo que apenas se conseguia lembrar da receita de um bolo. As preocupações de ontem a fazer de farinha, o que de novo aconteceu nesse dia mascarado de fermento, todos os planos para amanhã e depois com cara de ovos acabados de deslizar casca fora. E a vida, essa batedeira eléctrica de último modelo, a tratar de misturar tudo com a pressa de quem tem fome e gulodice. Sorriu no escuro e sentiu felicidade por sentir os músculos da face a relaxar. Uma das melhores coisas que o sorriso tem é a capacidade de pôr as

E se o X quer ser cá da malta...

Flagelo dos tempos modernos! Qualquer jantar de universitários ou pré-universitários ou pré-pré-univ... já perceberam a ideia, não é? A dado momento desata tudo, qual pintassilgo colectivo, a cantar: "E seeeee o X quer ser cá da maaaalta, tem de bebeeeer esseeee copoooo até ao fim, até ao fiiiiiiimmmm!" Meus amigos... o que é isto? Será que cada jantar desses é uma reunião de futuros "liverless" (os Sem-Fígado em português)? É que eu até adoro sangria, mas quando começo a ouvir tais cânticos... parece que tenho vontade de chorar... Quem quer ser cá da malta? Qual malta? A malta que, a meio do jantar, só sabe olhar seja para quem for e dizer: "Iccc... Eu... iccc... acho... iiicc... que tu, pá.... iccc... és mesmo porreiiii(c)ro....". E depois quem não bebe... fica com a vida arruinada. Sempre que for a passar na rua, vai apanhar do ar palavras como..."Lá vai aquele! Não sabes??? Ele não bebe..iihihihihihi!!!" Enfim, já era tempo de a