Avançar para o conteúdo principal

a dança da sedução

a natureza tem caminhos próprios para mostrar ao mundo que sedução não é mais do que a definição universal de algo que chama.

penso em corpos que dançam com a sensualidade das formas cruzadas com luzes de muitos pontos do arco-íris, folgados em suor de movimento e ritmados com a força dos graves, que desperta o mais circadiano que há em cada molécula de um ser vivo. anos e anos de sedução espontânea, visceralmente inventada a partir da tentativa/erro, em tácticas de quem convence uma presa a ser caçada, desconcentrando-se por se concentrar num ponto único e baixando todas as guardas, enroscando-se em vulnerabilidade.

os cantos das sereias. os encantos das serpentes. as vontades. os repentes. tudo isto tem marcas em genes. vai passando de modo silencioso, umas vez apura-se, outras depura-se, mas o importante é que há genes em que ninguém toca e a sedução tem a perserverança do carbono quatorze.

depois paro junto ao jardim do lusco-fusco para perder o olhar em dois esquilos que brincam, e os tons laranja já perdidos em noites sem fim, fazem-me perceber que há sedução em volta. mais do que os dois esquilos vejo centenas de pirilampos, jogando o seu jogo da fluorescência. penso 'é só o fósforo a querer mostrar que é um elemento espectacular e não apenas um pauzinho, fechado numa caixa, para acender fogões ou lareiras'.

mas não, decido que é muito mais do que isso. a natureza mostra-me que a sedução sempre lá esteve. esta luz chama-me e faz-me parar, com o mesmo poder de duas mãos que me envolvam e me façam sentir que estou periclitantemente a tropeçar para outra dimensão. parece tão diferente, mas é tão igual. por isso sei que as supernovas às vezes também se tocam, e sorriem entre si, como quem rouba um beijo atrás de uma coluna de um sábado à noite.

Comentários

Juana disse…
... caótica, como a própria existência ;)

Mensagens populares deste blogue

À terceira é de vez!!!

Como tenho muita lata... este post é na linha de dois recentes... (um deles mesmo recentíssimo, o meu último) e trata da adaptação, não de séries (porque somos muito oranginais por estas bandas e isso depois na verdade tornar-se-ia repetitivo... quer dizer... até parece que assim não...), mas sim de filmes estrangeiros, para português. São novidades muito secretas e portanto só espero que tenham bastante cuidado na divulgação das mesmas (ao dizer isto espero que as publicitem, bem como a vinda aqui ao meu "little corner", numa jogada minha à laia d'"o fruto proibido é o mais desejado"). - Tó Pegane : história de um filho de uma ex-emigrante "na França" (daí a sempre típica mescla do nome António com o Pegane do francês com quem a senhora se casou). O rapaz entra para a Força Aérea, e depois há para lá umas intrigas. Ah! Na cena mais espectacular do filme, Tó Pegan faz um cozido à portuguesa, utilizando para aquecimento dos ingredientes a barriga

Reset

00:00 Os números piscavam a vermelho no fundo escuro. O escuro era da noite por fora, por dentro a culpa não era da noite. Ou então era de noite também por dentro. Dentro da cabeça uma pulsação contínua, um incessante martelar, uma inequívoca prova de vida e um considerável incentivo à morte. O dia rodava dentro da caixa craniana a uma velocidade superior àquela com que camisolas, calças e roupa interior dançam dentro da máquina de lavar roupa. As ideias misturavam-se de tal modo que apenas se conseguia lembrar da receita de um bolo. As preocupações de ontem a fazer de farinha, o que de novo aconteceu nesse dia mascarado de fermento, todos os planos para amanhã e depois com cara de ovos acabados de deslizar casca fora. E a vida, essa batedeira eléctrica de último modelo, a tratar de misturar tudo com a pressa de quem tem fome e gulodice. Sorriu no escuro e sentiu felicidade por sentir os músculos da face a relaxar. Uma das melhores coisas que o sorriso tem é a capacidade de pôr as

E se o X quer ser cá da malta...

Flagelo dos tempos modernos! Qualquer jantar de universitários ou pré-universitários ou pré-pré-univ... já perceberam a ideia, não é? A dado momento desata tudo, qual pintassilgo colectivo, a cantar: "E seeeee o X quer ser cá da maaaalta, tem de bebeeeer esseeee copoooo até ao fim, até ao fiiiiiiimmmm!" Meus amigos... o que é isto? Será que cada jantar desses é uma reunião de futuros "liverless" (os Sem-Fígado em português)? É que eu até adoro sangria, mas quando começo a ouvir tais cânticos... parece que tenho vontade de chorar... Quem quer ser cá da malta? Qual malta? A malta que, a meio do jantar, só sabe olhar seja para quem for e dizer: "Iccc... Eu... iccc... acho... iiicc... que tu, pá.... iccc... és mesmo porreiiii(c)ro....". E depois quem não bebe... fica com a vida arruinada. Sempre que for a passar na rua, vai apanhar do ar palavras como..."Lá vai aquele! Não sabes??? Ele não bebe..iihihihihihi!!!" Enfim, já era tempo de a