hoje acordei com vontade de devorar o mundo à dentada. contemplar prados durante horas, pegar em montanhas com o toque gentil de duas mãos, elevar árvores à boca tapando a cortina de sol que alumia o dia e finalmente poder deixar fluir mundo pelos cantos dos lábios e pelos cantos das línguas, num festival de amor entre papilas gustativas e concentrados de natureza.
esta vontade encaixa no universo como duas peças de puzzle. daqueles para dois aos quatro anos. tão evidentes que não há como não conseguir fazê-los. dizem dois aos quatro anos, mas hão-de experimentar pôr a caixa do puzzle dentro do útero de gestação e vão ver se quando a criança nasce o puzzle não vem logo impecável. "nasceu, é um menino lindo de três quilogramas e duzentos gramas. e traz a torre eiffel já feita. não se enganou nas peças do puzzle que fazem o céu nem nada. que apgar extraordinário."
o céu é sempre difícil nos puzzles. a tendência é dizer que as peças são todas azuis e iguais. desafio-vos a olhar para cima num dia de céu limpo, nuvens à parte (faz de conta que foram de férias para outro lugar. um resort. que as nuvens gostam muito de pulseira no braço e regime de tudo-incluído), e afirmar que o céu é todo igual. jamais. o céu é todo diferente. tem espaços próprios, tem desenhos multi-facetados, tem cercas que definem os espaços de cada um dos seus donos. há quem acredite que até cemitérios tem. eu pelo menos estou sempre a ouvir dizer que quem morre e se portou bem vai para o céu. quando era pequeno achava que isto era regime de catapulta. o que dava um funeral lindo. agora cresci e já sei que não. realmente vamos todos para o céu quando morremos. a atmosfera é feita de nós e nós somos feitos de atmosfera.
por isso somos donos de pedaços de céu. no dia em que olharem com força, concentrados, para um pedaço de céu, conseguem ver os sorrisos da gente que ali mora, os carrosséis de alegria perdidos em cabelos soltos ao vento, as bancas de algodão doce disfarçadas de nuvens, outras vezes delas próprias, os polícias sinaleiros decididos, e com bigode, claro, a pedir a asteróides que se desviem e a satélites que se comportem como máquinas crescidas.
re-penso. afinal não somos só donos de pedaços de céu. somos também dos aromas, dos cheiros e das cores. todas. até o azul que parece sempre igual esbatido numa tosca peça de puzzle, feito para crianças dos dois aos quatro anos, mas que no fundo é a metáfora em cartão daquilo que cozinhamos nós próprios durante toda uma vida.
esta vontade encaixa no universo como duas peças de puzzle. daqueles para dois aos quatro anos. tão evidentes que não há como não conseguir fazê-los. dizem dois aos quatro anos, mas hão-de experimentar pôr a caixa do puzzle dentro do útero de gestação e vão ver se quando a criança nasce o puzzle não vem logo impecável. "nasceu, é um menino lindo de três quilogramas e duzentos gramas. e traz a torre eiffel já feita. não se enganou nas peças do puzzle que fazem o céu nem nada. que apgar extraordinário."
o céu é sempre difícil nos puzzles. a tendência é dizer que as peças são todas azuis e iguais. desafio-vos a olhar para cima num dia de céu limpo, nuvens à parte (faz de conta que foram de férias para outro lugar. um resort. que as nuvens gostam muito de pulseira no braço e regime de tudo-incluído), e afirmar que o céu é todo igual. jamais. o céu é todo diferente. tem espaços próprios, tem desenhos multi-facetados, tem cercas que definem os espaços de cada um dos seus donos. há quem acredite que até cemitérios tem. eu pelo menos estou sempre a ouvir dizer que quem morre e se portou bem vai para o céu. quando era pequeno achava que isto era regime de catapulta. o que dava um funeral lindo. agora cresci e já sei que não. realmente vamos todos para o céu quando morremos. a atmosfera é feita de nós e nós somos feitos de atmosfera.
por isso somos donos de pedaços de céu. no dia em que olharem com força, concentrados, para um pedaço de céu, conseguem ver os sorrisos da gente que ali mora, os carrosséis de alegria perdidos em cabelos soltos ao vento, as bancas de algodão doce disfarçadas de nuvens, outras vezes delas próprias, os polícias sinaleiros decididos, e com bigode, claro, a pedir a asteróides que se desviem e a satélites que se comportem como máquinas crescidas.
re-penso. afinal não somos só donos de pedaços de céu. somos também dos aromas, dos cheiros e das cores. todas. até o azul que parece sempre igual esbatido numa tosca peça de puzzle, feito para crianças dos dois aos quatro anos, mas que no fundo é a metáfora em cartão daquilo que cozinhamos nós próprios durante toda uma vida.
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