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muitas florestas para poucas árvores

querer ser demasiado abrangente num tema é perigoso e indelicado.

sempre achei que essa é das falhas mais frequentes em hollywood. todos sentados numa reunião de brainstorming (sempre me perguntei se brainstorming envolverá pedras de gelo a cair e raios no céu, mas talvez tenha pouca importância aqui para o texto, oh well...) de um qualquer grande estúdio. ideias. precisam de ideias para um novo filme. alguma alma pseudo-brilhante sugere fazer um filme sobre mulheres. todos pegam naquela folha padrão, polvilhada de fill-in-the-blankets (na verdade é "fill-in-the-blanks" mas eu sou mais a favor de entrar para dentro de cobertores que de espaços em branco. chamem-me maniento), e decidem fazer mais uma repetição da mesma história envolvendo mulheres, relações, mulheres, ralações, sexo, pseudo-sexo, sexo implícito, glamour, choro e riso.

com isto tentam abranger a complexidade que envolve "a" mulher, achando que isso se pode minimalizar a noventa singelos minutos. erradíssimo. há quem escreva sobre elas a vida toda e nem assim o consiga. e muitos acabam mais depressa nos braços da fada do absinto do que abraçados ao absinto sentimental dos braços de uma mulher.

a minha sugestão para quem argumenta é que passem a dar mais atenção ao detalhe. que saiam do fácil e mergulhem no difícil. que façam um filme de noventa minutos só sobre a pequena cova que repousa no pescoço. mesmo isso já é pedir tanto. já é ser tão ambicioso. conhecer uma mulher é uma tarefa para várias vidas. conhecer os seus detalhes pode ser tarefa para uma tarde de chá quente, lareira e vontade de reflexão in vivo.

porque as florestas são lindas vistas de longe. e de cima. mas só junto de uma árvore, deitado no chão, a ver o sol entrar tímido pelo meio das folhas, consigo namorar com o que me dizem as raizes, com a história que me conta o tronco, com os pequenos cogumelos que teimam em funguisticamente querer viver em regime de cumplicidade com um outro ser. e o detalhe é tão vasto. e tem tanto para contar.

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