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o contraste não é só um botão no comando da televisão .

as estações do ano são meras brincadeiras de calendário. tal como os dias, os meses ou as horas, são meras convenções usadas com o mesmo fundamento com que se usa um cão para orientar um rebanho. o rebanho precisa de referências. não se questiona se precisa, mas dizem-lhe que precisa, ponto final. parágrafo. parágrafo o tanas, que eu não obedeço a ordens. agora sim.

mais do que a data no calendário, ou do que a coluna de mercúrio por trás do vidro, a natureza corrige essas megalomanias humanas da sistematização com a sua própria vontade. adora brincar ao extremo calor no outono ou à chuva durante dias a fio no verão. ri-se a ver o boletim meteorológico e a contrariá-lo. cai do sofá de regozijo quando vê seres vivos tirarem três semanas destinadas a areia e água salgada, por saber que lhes vai trocar as voltas, oferecendo-lhes afinal três semanas de programas manhosos na televisão e refreshes contínuos nas redes sociais, apenas feitos num apartamento mais junto ao mar do que o habitual.

a natureza sabe viver no seu contraste. diverte-se a viver no seu contraste. e o ser humano, se fosse esperto, deitava-se num leito de folhas caducas e abria bem os olhos para notar a vida que mora nas diferentes cores das folhas em mudança, no pólen solto ao vento a jogar à apanhada com as abelhas ou na difícil prova de escalada que um escaravelho leva a cabo na relva.

o contraste é tudo menos ordenado. com certeza que o adoro por ser caótico, por ser manivela do avesso, por ser o rio que corre ao contrário, mas por sua conta, ao seu ritmo, totalmente imune a riscos em calendários ou a cães que o dirijam para uma qualquer direcção.

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