aposta-se tudo na fachada.
nas casas, como na vida, quem tenha de se decidir a decorar com pompa e circunstância uma das faces do cubo (ou cubo alargado), pensa sempre no sítio por onde as pessoas vão entrar, ou para onde vão olhar de relance quando por ali andarem. usam colunas, batentes dourados, tintas caras, nalguns lados até seres humanos com ar de capitão reformado da marinha ali pontificam para embelezar o cenário.
adoro a mística da parte de trás de um prédio ou vivenda. é onde se desiste da decoração mas mora a honestidade do ser. entre relvas mal cortadas e plantas exoticamente deixadas ao acaso vivem-se os momentos da infância e ouve-se o grito de que é hora de ir jantar ou tomar banho. ali, escondido do mundo, escondido de tudo, é possível sonhar, entre um joelho que fica preto da terra ou aquela comichão da comunhão com a natureza, em que uma formiga insiste em trepar pela pele acima.
também nos blocos de betão isto mantém validade. por exemplo com o parque de estacionamento transformado em campo da bola, com carros a fazer de balizas e vidros de carros a fazer de cartão vermelho. ou, mais por estas bandas, com as escadas de emergência, que conseguem transformar um poço urbano hipoteticamente vazio em algo próximo de uns bastidores de palco, mostrando com ferro desnudado a verticalidade de uma espécie de roupa interior da habitação.
de certeza que a porta da imaginação mora mais facilmente no lado das traseiras. não imagino a alice a sair pela porta da frente, e ainda menos o coelho apressado a usar elevadores, ao invés do esqueleto orgânico que mora no sítio das coisas esquecidas.
nas casas, como na vida, quem tenha de se decidir a decorar com pompa e circunstância uma das faces do cubo (ou cubo alargado), pensa sempre no sítio por onde as pessoas vão entrar, ou para onde vão olhar de relance quando por ali andarem. usam colunas, batentes dourados, tintas caras, nalguns lados até seres humanos com ar de capitão reformado da marinha ali pontificam para embelezar o cenário.
adoro a mística da parte de trás de um prédio ou vivenda. é onde se desiste da decoração mas mora a honestidade do ser. entre relvas mal cortadas e plantas exoticamente deixadas ao acaso vivem-se os momentos da infância e ouve-se o grito de que é hora de ir jantar ou tomar banho. ali, escondido do mundo, escondido de tudo, é possível sonhar, entre um joelho que fica preto da terra ou aquela comichão da comunhão com a natureza, em que uma formiga insiste em trepar pela pele acima.
também nos blocos de betão isto mantém validade. por exemplo com o parque de estacionamento transformado em campo da bola, com carros a fazer de balizas e vidros de carros a fazer de cartão vermelho. ou, mais por estas bandas, com as escadas de emergência, que conseguem transformar um poço urbano hipoteticamente vazio em algo próximo de uns bastidores de palco, mostrando com ferro desnudado a verticalidade de uma espécie de roupa interior da habitação.
de certeza que a porta da imaginação mora mais facilmente no lado das traseiras. não imagino a alice a sair pela porta da frente, e ainda menos o coelho apressado a usar elevadores, ao invés do esqueleto orgânico que mora no sítio das coisas esquecidas.
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