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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2013

ficamos à rasca sem metas

quem subiu à montanha mais alta? quem o conseguiu no menor tempo possível? quem o fez com as botas mais leves? qual o homem que foi até ao mais profundo que da terra se consegue alcançar? quem descobriu o caminho marítimo para a índia? temos um vício maior em estabelecer metas do que algumas estrelas do rock em pó de cores claras. a verdade é que dependemos do conforto de, pelo menos, saber para onde vamos. se o vasco da gama dissesse que ia só ao deus dará ninguém lhe financiava a viagem. se o joão garcia dissesse que queria subir até meio do evereste não havia cá bancos nem publicidades. o mesmo para tudo o resto. sem meta não há tanto lucro em fama. por isso subimos. por isso descemos. por isso tentamos ir mais alto do que já se foi e mais fundo do que alguém alguma vez possa ter imaginado. cilindramos o tempo na tentativa do mais, do maior, do que está para lá do que há e não paramos nem microsegundos para apreciar o que está entre o ponto de arranque e a meta. depo

os corações também respiram

tem a ver com o jeito como o cabelo te cai sobre os ombros. com as ondas que a tua respiração dispara em direcção ao meu agitado coração e o faz tremer, com aquela força da terra que treme para fazer chocar placas com placas e tectonicamente dar novos pedaços de mundo ao mundo. tem a ver com o teu sorriso, com tudo o que tem o teu sorriso, com a capacidade que o teu sorriso tem de me desarmar. o teu sorriso é como um exército que caça um homem solitário. por mais que ele fuja, por mais que finja que há vales desconhecidos e montes mais altos do que a visão alcança, acaba por ser preso como peixe em rede e saltar como quem quer fugir. mas na verdade aceita a captura. não são dentes, não são lábios, não é língua, é uma orquestra, são todos juntos, afinados, perfeitos, imperfeitos de tão perfeitos, o teu toque como maestro. copia-se demasiado no mundo. ideias, conceitos, modos de ser, modos de reagir, sorrisos fingidos, fingimentos sorridos, mimo, negações do que já de si negado estava,

nunca deixem de ler o livro só porque sabem que acaba mal

o senso comum (o bom senso, diriam até alguns) descreveria como natural que quando somos abordados na rua por um tipo, de ar mais ou menos suspeito, que começa na hora a declamar um texto treinado sobre todas as suas desgraças e como isso o faz precisar de um ou dois dólares (ou euros ou a unidade do sítio onde estejam a ler isto, sejam criativos, sim?) para voltar para casa/apanhar o autocarro/comprar uma sopa, a resposta imediata seja o habitual 'desculpe, não tenho dinheiro', seguido de um dramático virar de costas e ida à nossa vida. permitam-me discordar da atitude. permitam-me ainda tentar vender a ideia de que se aprende mais ficando do que partindo (desde que no limite do confortável, não me comecem já a chamar nomes com base em cenários que criam na vossa cabeça, estão muito reactivos hoje, vocês!). a cantiga do bandido raramente é acompanhada de violência. a cantiga do bandido é o método mais frequentemente usado pelo tipo que precisa de esquemas por algum motivo