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Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2009

Mas afinal? Tu queres ver?

Coisas que aprendemos com os reformados dos jardins lisboetas: quando não se tem tema de conversa sobre o que é que se fala? Sobre o tempo, pois claro está. Não a dimensão inexorável de medida, mas sim a meteorologia. E, portanto, lembrei-me hoje de comentar este tempo "nojentinho" que por aí anda. Tão depressa parece que afinal já é Verão, como vem um vento frio de cortar a respiração. E então não há roupa certa. Por isso se vêem desde pessoas encasacadas a malta quase em tronco nu. O que é parvo. E pouco digno.

De noite tudo se passa

Com a minha longa paragem na escrita não tive ainda oportunidade de comentar esses expoentes máximos do enchimento de chouriços que são os concursos telefónicos da madrugada. SIC e TVI degladiam-se para tirar o máximo de roupa possível a uma apresentadora (que tem como critério obrigatório de selecção ter aparecido na capa de uma revista masculina) e dessa forma levar os "toinos" e "toinas" que acreditam no Pai Natal a gastar uma pipa de massa em chamadas de valor acrescentado para tentar ganhar 300 ou 400€. Os temas vão variando, embora tenham sempre um traço em comum: a estupidez. Quando os participantes têm de descobrir coisas como "Josés famosos" penso que está tudo dito. A única solução para eu ultrapassar isto é passar a deitar-me mais cedo. Assim, mesmo que depois acorde às 4 ou 5 da manhã, sempre me divirto a ver o TV Shop, que é bem mais enriquecedor do ponto de vista cultural.

Eu sou o Bob, o construtor!

Passei uma infância a achar que não tinha jeito para trabalhos manuais. Passei uma adolescência a achar que não tinha jeito para trabalhos manuais. Passei um início de jovem adulto a achar que não tinha jeito para trabalhos manuais. Percebi finalmente que o jeito não se tem, aprende-se. Lancei-me num desafio hercúleo de montar sozinho um móvel de sala de 2m por 1m (é um dos jovens altos que podem ser observados na fotografia). E não é que ficou direito? Não é que até o raio das portas ficaram ao mesmo nível e não arrastam por sítio nenhum? Quando acabei senti-me verdadeiramente um Bob, o construtor. Ou pelo menos alguém com capacidade de unir peças e gerar um móvel (não é gerar vida, mas já é um primeiro passo). O melhor disto tudo é que poupei 70 Euros de montagem, e consegui fazê-lo martelando nos sítios certos e saindo com os dedos intactos.

Até arranhar a fita

Na brilhante série "How I Met Your Mother", há um episódio em que o Marshall tem de se despedir do seu velho carro. Nesse episódio recorda os bons momentos passados na viatura e ficamos a saber que há vários anos tem encravada no leitor de cassetes uma cassete dos Proclaimers, onde tinha gravado apenas a música "Im gonna be (500 miles)". Lembrei-me de perguntar a mim próprio que cassete eu gostaria de ter posto no leitor de cassetes (se tivesse um e se ele encravasse). A escolha pareceu-me óbvia. Ia recair sem dúvida em "Bohemian Rhapsody" dos Queen. Na, qualquer dia longínqua, década de 90, nas férias de Verão em Sesimbra, passava as tardes a gastar o meu Walkman com o terceiro "Greatest Hits" dos Queen. Invariavelmente enchia de "rewinds" o fim de Bohemian Rhapsody. Ao ponto de a entrada de "Another One Bites the Dust" se ter tornado quase inaudível com o passar do tempo, ao ser substituído por um arranhar semelhante ao pass

You never get tired of...

Da família amarela que nunca cansa, hoje na FOX: Bart cai, vai ao hospital e de repente o Dr. Hibbert desfibrilha as nádegas de Bart. Segue-se: Marge: Why are you doing that? Hibbert: Oh, it's good for the batteries. Now, I'm afraid your son has cracked his coccyx. Brilhante...

Home-made pizza

Sou o fã mundial número um de pizza quatro queijos. Acredito que existam outros admiradores que lutem com igual intensidade por uma 4Q (vamos chamá-la assim, carinhosamente, como se fosse um modelo de automóvel), mas lutar mais do que eu... tenho cá para mim que é impossível. Como quatro-queijista experiente, venho levantar um dos grandes problemas para os quatro-queijistas: os queijos escolhidos. Raramente, se alguma vez, conseguem as pizzerias acertar nos quatro queijos favoritos do quatro-queijista. Como forma de protesto a essa situação, vou pôr a minha Bimby a tratar da massa e depois vou ganhar respeito a mim próprio com uma combinação fatal: mozzarella, parmeggiano, gorgonzola, roquefort e chévre. Espera... São cinco queijos? E o que é que isso me interessa? Não vou vender para fora.

Bip

Fiquei tão contente! Tinha os meus 15/16 anos, o telemóvel ainda era algo em fase experimental, e o que estava na moda eram os bips. Vi um concurso numa revista ao qual concorri prontamente: era para escrever uma frase sobre bips. Havia um como prémio. Como a pior das fashion-victims que sou, logo concorri, e passadas umas semanas recebo a agradável notícia de que era o vencedor do passatempo. A minha alegria foi temporária... Afinal o bip não servia para grande coisa. Permitiu-me estar no topo da moda, e receber regularmente linhas com notícias sobre o desporto ou o tempo, mas não me ajudou muito nem a ser melhor pessoa nem a coisa nenhuma. A moda do bip passou rápido, cilindrada pelo telemóvel (nos primeiros tempos quase literalmente, com o tamanho de tijolo que estes últimos tinham). Nunca mais ouvi falar de bips. Até agora. Voltei a ter um. E este não o pedi. Obrigam-me a usá-lo e é a minha companhia no hospital. Não me dá notícias, nem o tempo, nem o resultado do Benfica. Quando

Sopa

Dizem que a sopa foi inventada provavelmente há mais de 8000 anos, a partir do momento em que foram inventados recipientes à prova de água, feitos de barro. Permitam-me duvidar disso. Acho que a sopa consegue ser mais básica do que isso, e provavelmente já os répteis faziam um gaspacho em três tempos, muitos anos antes. De facto, juntar legumes, cozê-los, e a seguir triturá-los, não tem grande ciência. Já juntar as quantidades certas tem o seu quê de entendido, mas para os pré-históricos qualquer coisa serviria (até porque não lhes tentavam impingir sopas pré-feitas da Knorr). A sopa agrada ainda a ambos os sexos. Escolher legumes no supermercado é pouco másculo, mas aplicar uns golpes ou "estrafegar" com uma varinha mágica são coisas para gente de barba rija (não querendo eu ferir a susceptibilidade de senhoras que andem sem tempo para a depilação). Paz à sopa... lá vou eu comprar os legumes...

Escrever

Porque motivo alguém escreve num blog? Será para escrever piadas e esperar que alguém se ria? Será por acreditar que, partilhando com o mundo o que escreve, se sente maior? Será para sentir interiormente que as suas opiniões e pontos de vista são lidos por todos? Provavelmente sim e não. Provavelmente a maior parte das pessoas que se dedica a escrever num blog tem a mesma intenção que tantos outros tiveram ao longo da história da Humanidade, ou seja, transformar em palavras algo que sente. É por esse motivo que nem é assim tão importante ser lido. Se alguém ler o que escrevemos, obtemos reconhecimento (mais não seja pelo tempo dispendido a apreciar algo produzido por nós), mas o nosso objectivo final é sempre egoísta, é o de aliviar a pressão de pensar em algo e ter de o dizer. Acho, por isso, que a escrita é um escape, seja ela de que tipo for. Eça com certeza teria vontade de criticar muito mais abertamente a sociedade numa conversa de café. E talvez até o tenha feito. Mas nunca cons

Cheiros

Todos os sentidos do corpo humano têm a sua beleza. Mas o olfacto tem um jeito especial de moldar o mundo. Andando numa cidade como Lisboa, pela manhã, somos chamados para centenas de odores diferentes que povoam o ar de modo disfarçado e envergonhado. Desde o café de máquina que sai por aquela porta, ao perfume barato da reformada esforçada por tudo pagar com a renda, ao "espirrável" pólen, à borracha que ficou de uma travagem, a água que ficou de uma lavagem, a terra que foi remexida e viu chover-lhe em cima... Tudo ali fica, tudo ali aparece, e tudo se mistura, como que numa varinha mágica de perfumes e faz aquilo a que podemos chamar "o cheiro a Lisboa". E afinal, não diz até a canção que esse é um bom cheiro?