Todos os sentidos do corpo humano têm a sua beleza. Mas o olfacto tem um jeito especial de moldar o mundo. Andando numa cidade como Lisboa, pela manhã, somos chamados para centenas de odores diferentes que povoam o ar de modo disfarçado e envergonhado. Desde o café de máquina que sai por aquela porta, ao perfume barato da reformada esforçada por tudo pagar com a renda, ao "espirrável" pólen, à borracha que ficou de uma travagem, a água que ficou de uma lavagem, a terra que foi remexida e viu chover-lhe em cima...
Tudo ali fica, tudo ali aparece, e tudo se mistura, como que numa varinha mágica de perfumes e faz aquilo a que podemos chamar "o cheiro a Lisboa".
E afinal, não diz até a canção que esse é um bom cheiro?
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