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A mostrar mensagens de dezembro, 2012

ainda sobre o fim do mundo

breaking news: o mundo não acabou.

começo a desiludir-me com o mundo. primeiro descubro a falcatrua do pai natal (deixemos assim para que as crianças pensem que foi um escândalo de lavagem de dinheiro), de seguida explicam-me que não há glutões que limpem as nódoas da roupa e em cima de tudo isto, fazendo de cereja podre no topo do bolo passado de prazo, descubro que as previsões sobre o fim do mundo afinal não se cumpriram. com a agravante de já não ser a primeira vez que isto acontece. parece-me claro, e vários estudos mostram (daqueles científicos, tão científicos que até se usam balões de vidro e sai fumo e coisas dessas upa upa) que isto não passa de uma enorme conspiração montada entre os vendedores de lanternas e de latas de conserva para melhorar as vendas de tempos a tempos. a verdade é que o mundo de facto hoje acabou. para muitos. como acaba todos os dias. desceram à terra, subiram ao vento, começam agora a decompôr e a obedecer ao milagre da multiplicação dos átomos e das moléculas. que quais peças de

a liberdade da prisão

acendeste o cigarro e por trás de ti tocavam os stones, a dizer que mem sempre consegues tudo aquilo que queres. mal sabiam eles, pensei eu, que nunca se perderam nos teus cabelos, que nunca moraram nos teus olhos e que nunca navegaram no teu pescoço. comparei a tua luz com a que vinha do tecto. comparei o calor do teu peito com o calor da ponta do cigarro. ficavas sempre a ganhar. eras rainha de copas num baralho só de dois de paus e eu rendia-me à minha simplicidade de ser sempre joker neste mundo pouco preparado para trazer os jokers a jogo. quando sorrias, o espaço à volta parecia ter sido vítima de uma bomba de neutrões, e sabes como eu sempre me perdi irremediavelmente por sorrisos devastadores. sorrisos daqueles que te fazem viajar em segundos da porta de casa à porta do comboio de um país distante. que trazem canela, açafrão, gengibre, não em pó, mas sim disfarçados nas pequenas covas que o canto dos teus lábios definia. contemplava-te como um quadro, pintava-te como se