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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2012

os estendais estão em vias de extinção .

os estendais prédio fora. quilos de roupa ali lutando para secar. aquilo que para nós é um acto normal para uma peça de roupa pode ser bem traumático. há quem argumente que é como se a roupa estivesse a tomar banho. a roupa responde 'experimentem tomar banho num programa que vos roda e torce durante cinquenta e tal minutos e depois falamos'. um feitiozinho, a roupa, às vezes, pffff. feitios de peça de roupa à parte (tenho de passar a beber leite ao pequeno-almoço em vez de absinto), a verdade é que, no passado, a compensação por passar todo esse tempo dentro de um cilindro de alta rotação era de seguida serem alegremente penduradas num estendal, sustentadas por duas ou mais molas, e ali ficar, de largo sorriso na... gola, vá, a apreciar o sol, a ver quem passa ou a espiar a vida dos vizinhos do prédio em frente. para quem vinha de fora era toda uma imagem de marca de um país - 'roupa pendurada em janelas'. nunca pensei muito sobre isso, dada a naturalidade que isso con

aprende-se muito a olhar para uma aranha enquanto desenha a sua teia .

o tempo é uma coisa com que adoramos brincar e da qual adoramos falar. desta vez não estou a falar daquele da meteorologia, que esse hoje está demasiado chuvoso, amuei com ele e foi para a caixa dos tabus até se pôr na ordem. falo do outro, aquele que passa, ou que fica, que move ponteiros de relógio sempre numa direcção, desde que a pilha ou a corda ajudem. a dimensão que damos ao tempo, quase sempre para dizer que o temos em pouca quantidade, fez-me pensar que o tempo depende muito do uso que se lhe dá. se o lamarck tem perdido (ou será ganho?) tempo a pensar nisto, podia ter dado um belo filósofo em vez de passar só por biólogo estudioso da evolução das espécies. o ser humano é capaz de gastar horas a olhar para um quadrado junto à parede, que emite fotões, reconhecidos sob a forma de várias cores, e sons, sob a forma de várias notas, onde nada do que lá se passa acrescenta um pinchavelho ao mundo. nem ao de quem olha, nem ao de quem no mundo vive. pura distracção, defendem alguns.

uma questão de arquitectura .

num dos meus episódios favoritos do seinfeld o jerry é confrontado pelo pai do míudo-bolha, um jovem com um problema imunitário que tem de viver dentro de uma bolha, longe de qualquer tipo possível de micróbio. no dia seguinte era o aniversário deste jovem e o seu principal ídolo era o jerry, por isso o pai pede encarecidamente que o artista lhe faça uma visita, para o fazer feliz. a custo ele acaba por aceitar, conduzindo atrás do carro do george costanza para ir até casa do bubble-boy. nisto perde-se do george e não dá com a casa. já o george consegue lá chegar e para fazer tempo, enquanto jerry não chega, acaba por jogar trivial pursuit com o bubble-boy (que revelou uma personalidade bem diferente do que seria de esperar) e um erro de impressão num dos cartões gera acesa discussão entre os dois (eu ponho o link da cena em baixo, para vos fazer felizes). toda esta longa introdução para dizer que na vida, como nos cartões de trivial pursuit, pequenos erros podem gerar grandes discuss

não é mania de ser do contra, eu gosto é de sardinhas .

a minha opinião sobre o dia de são valentim é mundialmente conhecida. bem, mundialmente talvez não, mas há milhões de pessoas que a sabem de cor. o quê? não posso dizer milhões? pronto, a verdade é que além de mim sabe a minha opinião um vizinho da prima de uma amiga minha, que uma vez ficou trancado comigo no elevador e me ouviu a falar disso. não me chateiam as manifestações do amor. eu sou muito favorável ao amor, à expressão do amor e até à impressão do amor. o amor é para ser vivido, dado e recebido. o que me deixa a pulga atrás da orelha (de tal modo que já vou para aí na terceira bisnaga de fenistil) é que a convenção tome conta da espontaneidade, e toda a maralha embarque no dia-dos-namorados-porque-sim. vamos lá ver uma coisa, o que é que 14 de fevereiro tem de tão especial que justifique um menu de restaurante diferente, um chorrilho de peluches, um debaste de flores e uma quasi-crise diabética mundial de tanto chocolate? pois. nada. é um dia como outro qualquer. como diz al

partir o azar dá sete mil anos de espelhos

o velho lugar-comum de que quem tem sorte ao jogo tem azar ao amor (acredito que a recíproca também se aplique) terá sido inventada quase de certeza por um campeão de poker solitário ou por um don juan que nem em dois números do euromilhões (da altura, eu sei que não havia euromilhões na idade média ou lá quando isto foi inventado) acertava. a superstição é mais uma dessas bengalas que a humanidade tanto gosta de inventar para passar o tempo. os medos, as ansiedades, os receios e as incertezas, são todos muito mais assustadores a nu. vestidos com a farda do disfarce passam por tradições, por mensagens que passaram de boca-em-boca, por ideias comuns que foram ficando. umas mais fantasiosas que outras, as superstições estão por todo o lado. os maias não deviam encontrar sinal de fatalidade do destino num chapéu de chuva deixado em cima de uma mesa, tal como um habitante de uma cidade moderna não sua e treme ao ver a lua eclipsar-se. talvez o pobre do gato preto sempre tenha tido essa si

multas a mais em sítios a menos

só multam o que não deve ser multado. só taxam o que não deve ser taxado. não estimulam sequer o que deve ser estimulado. é um mundo cheio de conceitos trocados. quem terá sido a primeira alma iluminada que achou que a forma de o mundo ser um sítio melhor era rebocar o carro a alguém porque não pôs uma ou duas moedas dentro de uma máquina sem vida? ou de onde terá saído a proposta peregrina para cobrar um extra sobre o preço real das coisas? se o leite custa tanto e levá-lo ao sítio X custa outro tanto, porque é que alguém que não produz leite, não transporta o leite e não entrega o leite ganha direito a viver à custa de todo esse circuito? depois, claro está, não há gente nem recursos suficientes para controlar o que realmente importa. não vejo quem despedaça corações ser multado como se em cima de uma passadeira tivesse estacionado. não registo funcionários da emel do sentimento com ar carrancudo a rebocar oportunidades a quem não se sabe comportar. e não se paga imposto sobre o de