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uma questão de arquitectura .




num dos meus episódios favoritos do seinfeld o jerry é confrontado pelo pai do míudo-bolha, um jovem com um problema imunitário que tem de viver dentro de uma bolha, longe de qualquer tipo possível de micróbio. no dia seguinte era o aniversário deste jovem e o seu principal ídolo era o jerry, por isso o pai pede encarecidamente que o artista lhe faça uma visita, para o fazer feliz. a custo ele acaba por aceitar, conduzindo atrás do carro do george costanza para ir até casa do bubble-boy. nisto perde-se do george e não dá com a casa. já o george consegue lá chegar e para fazer tempo, enquanto jerry não chega, acaba por jogar trivial pursuit com o bubble-boy (que revelou uma personalidade bem diferente do que seria de esperar) e um erro de impressão num dos cartões gera acesa discussão entre os dois (eu ponho o link da cena em baixo, para vos fazer felizes).

toda esta longa introdução para dizer que na vida, como nos cartões de trivial pursuit, pequenos erros podem gerar grandes discussões ou mal-entendidos. quando a convicção choca com a evidência os danos colaterais são quase uma inevitabilidade. no caso do trivial é completamente diferente se o erro de impressão vem no princípio do jogo ou na pergunta que dá o sexto queijinho. no caso da vida também.

quando esquadrinhamos o que somos, organizamos a nossa vida como uma cidade. as avenidas principais, embelezadas, decoradas, arboreadas e espampanantes, vivem em regime de comensalismo (quase sempre) com as vielas e travessas escondidas, onde os segredos e os desejos propositada ou não-propositadamente abafados se revelam, se desenrolam, se escondem e aparecem.

os erros de cálculo no desenho da nossa cidade causam caos de diferentes magnitudes conforme sejam feitos sobre a avenida de seis faixas ou sobre as vielas escuras e sinistras (uma ou outra destra). qual deles o mais importante? digam-me vocês, porque cada um decide onde mora o seu sexto queijinho.

Link para o vídeo da cena: http://youtu.be/_SULQSL4Cd0?hd=1

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