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encontros passageiros

passamos pela vida tão tão passageiramente que me pergunto porque damos o valor que damos ao definitivo? quando passamos as horas e os dias na ânsia do amanhã temos tendência a não conseguir brincar com o presente nem rir sobre o passado. é como se tivéssemos uma caixa cheia de legos de várias cores, tamanhos e formas, e não a despejássemos no chão do quarto para umas boas horas de brincadeira já a pensar no calvário (que não antónio) que será arrumar tudo de novo na caixa no final.

não é isto uma ode anti-definitivo. há coisas definitivas que são boas, estão provavelmente na fundação do prédio que acabamos por ser (ou que achamos ser e que acreditamos ter fundações). mas se o prédio tem de ter uma estrutura que resista a ventos e tempestades, os inquilinos ou a decoração das paredes pode (deve?) variar para não se eternizar uma renda que nem actualizada pode ser porque assim ficou acordado há muitos anos.

o encontro passageiro e inesperado é muitas vezes o catalizador do brilho nos olhos, aquele brilho que tende a esmorecer numa vida que cada vez mais é construída para não surpreender o próprio nem os que o rodeiam. uma conversa de cinco minutos com um desconhecido pode valer por mil conversas de interesse desconhecido com conhecidos.

experimentem baixar as guardas de vez em quando. viver num prédio é bom. mas viver num barco ou numa autocaravana também não é nada mau.

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