sempre achei que os outros estavam em maus lençóis. são anos e anos a ler e ouvir que só acontece aos outros, que os outros fazem isto e aquilo, que os outros não são como os não-outros. os outros nunca têm descanso, são imparáveis na energia que colocam nesse mundo bizarro, espelho daquele em que vivemos, e em que tudo sai de pernas para o ar. o que é fácil esquecer é que nós somos os outros dos outros, e que a nossa alteridade nasce no momento em que criamos a alteridade dos outros. é bem mais fácil olhar para um mundo em espelho do que para o próprio espelho, ver os descuidos dos outros em vez das rugas do nosso próprio comportamento, os desvarios alheios em vez dos nossos excessos de inconsistência. ninguém deve ser consistente a vida toda, até faz mal ao colesterol, mas, o mesmo perdão que pedimos para nós próprios, raras vezes é estendido, muito menos de óstia em punho, aos outros. a empatia é um conceito tramado porque obriga a usar muita energia, sobretudo mental, a que mais escasseia mundo fora, e talvez isso se estenda quem sabe ao resto da galáxia. por um momento, vamos pensar que não há outros, e que todos os outros somos nós.
Como tenho muita lata... este post é na linha de dois recentes... (um deles mesmo recentíssimo, o meu último) e trata da adaptação, não de séries (porque somos muito oranginais por estas bandas e isso depois na verdade tornar-se-ia repetitivo... quer dizer... até parece que assim não...), mas sim de filmes estrangeiros, para português. São novidades muito secretas e portanto só espero que tenham bastante cuidado na divulgação das mesmas (ao dizer isto espero que as publicitem, bem como a vinda aqui ao meu "little corner", numa jogada minha à laia d'"o fruto proibido é o mais desejado").
- Tó Pegane : história de um filho de uma ex-emigrante "na França" (daí a sempre típica mescla do nome António com o Pegane do francês com quem a senhora se casou). O rapaz entra para a Força Aérea, e depois há para lá umas intrigas. Ah! Na cena mais espectacular do filme, Tó Pegan faz um cozido à portuguesa, utilizando para aquecimento dos ingredientes a barriga...
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