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A meio do Alvito



Quis a sorte que o Alvito fosse a minha terra durante duas semanas. Estou agora precisamente a meio desta aventura e confirmam-se as melhores expectativas.

Acabei por não ficar a trabalhar no Alvito, sou sim humilde proletário no "Posto" de Saúde de Vila Nova da Baronia, mas estando a viver no Alvito até acabo por ficar a conhecer as duas povoações.

Pago bom dinheiro se me provarem que existem no nosso país vilas e aldeias mais limpas que as do Alentejo. É impressionante como não se vê um papel no chão, como estão quase sempre presentes inúmeros funcionários camarários a limpar as ruas, como as casas impressionam de tão brancas. O Alvito em particular é um espanto na sua pequenez. Situado praticamente no centro geográfico de todo o Alentejo, é poiso preferencial para caçadores, que aqui vêem uma base para as suas demarches de sacrifício animal. Tem poucas casas, mil e trezentos habitantes, mas não deixa de ter uma câmara municipal, uma junta de freguesia, dois bancos, um mercado, uma pousada de Portugal histórica, duas barragens, uma igreja e uma ermida. Pelo meio dois ou três restaurantes e uma biblioteca municipal (de onde escrevo) capaz de fazer inveja às melhores infraestruturas do género no nosso país.

No meio desta quietude, é difícil perceber como um país tão pequeno como o nosso deixa ao abandono regiões destas. A prova disso está nos elevados números do desemprego, nas altas taxas de suicídio e no grave envelhecimento da população.

Enquanto não formos capazes de (como por exemplo fazem os vizinhos espanhóis) valorizar as regiões do interior nunca conseguiremos tirar os devidos rendimentos desta terra quente, deste ambiente calmo, desta gente encantadora.

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