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Lisboa menina e moça, festeira!



Já dizia a letra da música:

"Cansados vão os corpos para casa
Dos ritmos imitados de outra dança
A noite finge ser... ainda uma criança
De olhos na lua
Com a sua
Cegueira da razão e do desejo"

Lisboa é isso. É isso e muito mais. A noite do dia 12 de Junho é apenas um corolário do que Lisboa pode ser. Do que Lisboa devia ser mais vezes ao ano.

A sardinha assa no braseiro.

Nisto a criança pede uma moedinha para o Santo António ("Não tenho moedas""Não faz mal, eu aceito notas"). O traquina que descaradamente se aproveita desta noite para ser uma espécie de "arrumador" das almas, cruza-se com o nórdico que olha espantado para todo este movimento, para toda esta côr, para este bulício e vontade de viver, que o fazem acreditar que este povo pode ser pobre, pode ser melancólico, mas que tem a capacidade de se mobilizar em massa para a rua e encher de alegria a noite de uma cidade.

Pára naquela janela. Pede uma ginjinha. Quem ta serve? Um argentino? Que foi estudar para a Bulgária, conheceu uma portuguesa e acabou por vir parar a este histórico "melting pot"? O quê? Já tem 3 filhos? Vai vender ginjinha muitos mais anos, está visto. Promete-me uma mesa para o próximo ano, no mesmo sítio, à mesma hora. Será o mundo assim? Digo-lhe que sim, cá estarei, combinado.

Ouvem-se sons pelo meio do fumo dos braseiros. É música brasileira. Faz mal? Tem algo de nós. Ponham também música africana, música indiana, música malaia, música timorense, música japonesa, música hawaiana. Podemos passar a noite a desenrolar música de todo o mundo... há-de ter sempre um toque português. Faz parte desta noite. Deixa-a ficar.

A Rosa Martins vai subir ao palco. O arroz doce da Tia Beatriz está um espanto. Cheira a cerveja, a carvão, a manjerico, a Lisboa.

A sardinha continua a arder no braseiro. Felizmente, felizmente há-de lá continuar.

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