não ligo a toda esta agitação à minha volta. noto que está a chegar o natal porque enfeitam as ruas com estas luzes bonitas e vejo passar senhoras e senhores cheios de sacos, cheios não sei muito bem do quê. a loja aqui mais perto põe uma música diferente do resto do ano, em que senhores estrangeiros falam de como o natal é uma altura bonita, com quente nas lareiras, amor entre as pessoas e bonecos de neve.
o meu calendário é outro. o meu advento é mais irregular. conto os dias consoante está frio ou quente, não conforme os dias que passam desde o início de dezembro. e no natal está frio. muito frio. por isso conto que estou no natal quando vejo a mistura de chuva, frio e luzes.
ontem deitei-me no sítio do costume, enroscado da forma do costume, mal tapado entre as caixas de cartão e as duas ou três mantas rotas que consegui tirar de uma esquina há uns meses. preparei-me para mais uma noite de luta com a hipotermia e os meus dedos estavam gelados ainda o sol não se tinha posto. uma vez vieram falar-me em deuses e eu não consegui parar de me rir. como posso eu acreditar em deuses, quando todas as portas me foram fechadas, sobretudo as da rua, sobretudo em dias frios?
por volta da meia-noite surgiu-me um anjo vindo do nada. sim, ontem acreditei em anjos. trazia-me um termo, com sopa quente, que não me soube a sopa de legumes, mas sim a um creme de diamantes com toque de felicidade e lágrimas de alegria. sorvi a primeira coisa que comia nos últimos dez dias, acho que o quente me desceu directamente ao coração. e tentei olhar para quem tinha enchido a minha noite do tão famoso calor de que os senhores estrangeiros falam nas músicas de natal. já tinha ido embora, seguia pela rua a encher de luz as trevas do natal de tantos outros.
e ali e então fez sentido ser natal. e, sem descobrir se existem ou não deuses, tive pelo menos a certeza de que existem pessoas boas. com B grande, já agora.
o meu calendário é outro. o meu advento é mais irregular. conto os dias consoante está frio ou quente, não conforme os dias que passam desde o início de dezembro. e no natal está frio. muito frio. por isso conto que estou no natal quando vejo a mistura de chuva, frio e luzes.
ontem deitei-me no sítio do costume, enroscado da forma do costume, mal tapado entre as caixas de cartão e as duas ou três mantas rotas que consegui tirar de uma esquina há uns meses. preparei-me para mais uma noite de luta com a hipotermia e os meus dedos estavam gelados ainda o sol não se tinha posto. uma vez vieram falar-me em deuses e eu não consegui parar de me rir. como posso eu acreditar em deuses, quando todas as portas me foram fechadas, sobretudo as da rua, sobretudo em dias frios?
por volta da meia-noite surgiu-me um anjo vindo do nada. sim, ontem acreditei em anjos. trazia-me um termo, com sopa quente, que não me soube a sopa de legumes, mas sim a um creme de diamantes com toque de felicidade e lágrimas de alegria. sorvi a primeira coisa que comia nos últimos dez dias, acho que o quente me desceu directamente ao coração. e tentei olhar para quem tinha enchido a minha noite do tão famoso calor de que os senhores estrangeiros falam nas músicas de natal. já tinha ido embora, seguia pela rua a encher de luz as trevas do natal de tantos outros.
e ali e então fez sentido ser natal. e, sem descobrir se existem ou não deuses, tive pelo menos a certeza de que existem pessoas boas. com B grande, já agora.
Comentários