Avançar para o conteúdo principal

there she goes

o sol ainda vai alto mas a lua já quer dizer olá. o volume é quase tão alto como ficará mais tarde, mas ainda se mistura com o nevoeiro das leveduras e com a entrada de gente que parece pouco mais do que formigas num carreiro. 

ela salta do nada, sorri e corre na direcção do abraço que marca mais do que mil volumes de romances russos. com menos tragédia, sangue e lágrimas. enrola-se no abraço, rebola pelo resto da noite, perde-se em rimas de língua estrangeira, poesia disfarçada de tempos modernos e de batimentos que entornam ritmos em cima da mesa que é a vida.

um casal aparece e acena a dizer que sim. o sol já se escondeu a oeste, mas a lua sorri. são dois num. são sorrisos transformados em hiper-sorrisos e sangue que corre pelas veias como se fosse o coelho da alice. a paixão traz sempre a pressa que a vida não tem. o sangue apressa-se a querer ser mais do que acha que consegue alcançar. os dias passam, os vasos abrem, os glóbulos passam. os vermelhos, os brancos, os cor de arco-íris. todos se juntam e sorriem, também eles, veias fora. 

param.

param no coração para apreciar as paredes. olham as aurículas como quem vê a mona lisa pela primeira vez, pequena mas impressionante. saltam mitral fora, chocam com as paredes do ventrículo, sorriem de novo e são ejectados corpo fora como um homem-bala. por essa rede de vasos que parece uma árvore. por esses corpos múltiplos, que parecem uma floresta. não repousam porque nunca param. o sangue nunca pára. o coração nunca pára. quando pára deixa de sorrir e a lua pede mais do que isso, porque reflecte o sol, enquanto bebe uma garrafa de vinho tinto chileno e olha para o quarto e para o quinto planetas a contar do sol.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

À terceira é de vez!!!

Como tenho muita lata... este post é na linha de dois recentes... (um deles mesmo recentíssimo, o meu último) e trata da adaptação, não de séries (porque somos muito oranginais por estas bandas e isso depois na verdade tornar-se-ia repetitivo... quer dizer... até parece que assim não...), mas sim de filmes estrangeiros, para português. São novidades muito secretas e portanto só espero que tenham bastante cuidado na divulgação das mesmas (ao dizer isto espero que as publicitem, bem como a vinda aqui ao meu "little corner", numa jogada minha à laia d'"o fruto proibido é o mais desejado"). - Tó Pegane : história de um filho de uma ex-emigrante "na França" (daí a sempre típica mescla do nome António com o Pegane do francês com quem a senhora se casou). O rapaz entra para a Força Aérea, e depois há para lá umas intrigas. Ah! Na cena mais espectacular do filme, Tó Pegan faz um cozido à portuguesa, utilizando para aquecimento dos ingredientes a barriga

na moda

Está na moda escrever sobre o amor. O truque é pintar o dito de lugares comuns e adornar o produto final com duas ou três asneiras das pesadas para emanar pseudo-rebeldia. O conjunto de palavras é tão bonito e tem uma força tão positiva que o que está mesmo a pedir é para ser posto num rectângulo, acompanhado de uma imagem do pôr-do-sol/paisagem verdejante/gatinhos/silhueta de um ou dois corpos (riscar o que não interessa) e feito, está pronto a sair do forno para esse sufrágio universal que são as redes sociais. Está na moda gostar dessa visão do amor. Que tenta copiar alguns traços dos mestres mas que os copia mal e porcamente, borra a tinta toda, mas encontra destinatários com a visão tão baça que nem dão por isso. Dantes havia o condão de ficar preso às letras do Shakespeare, do James, do Cummings e de tantos outros. Todos eles vieram por aí fora, ainda há bem pouco tempo dava para jogar à macaca com o Cortázar, mas está tudo a trocar a macaca por meia dúzia de macacos, que ap

E se o X quer ser cá da malta...

Flagelo dos tempos modernos! Qualquer jantar de universitários ou pré-universitários ou pré-pré-univ... já perceberam a ideia, não é? A dado momento desata tudo, qual pintassilgo colectivo, a cantar: "E seeeee o X quer ser cá da maaaalta, tem de bebeeeer esseeee copoooo até ao fim, até ao fiiiiiiimmmm!" Meus amigos... o que é isto? Será que cada jantar desses é uma reunião de futuros "liverless" (os Sem-Fígado em português)? É que eu até adoro sangria, mas quando começo a ouvir tais cânticos... parece que tenho vontade de chorar... Quem quer ser cá da malta? Qual malta? A malta que, a meio do jantar, só sabe olhar seja para quem for e dizer: "Iccc... Eu... iccc... acho... iiicc... que tu, pá.... iccc... és mesmo porreiiii(c)ro....". E depois quem não bebe... fica com a vida arruinada. Sempre que for a passar na rua, vai apanhar do ar palavras como..."Lá vai aquele! Não sabes??? Ele não bebe..iihihihihihi!!!" Enfim, já era tempo de a